As crianças chegam a um cenário especialmente planejado pelas professoras e o convite para o faz de conta está posto: estetoscópio, luvas, seringuinhas, caixinha de remédios! Desta vez, o jogo simbólico será o consultório médico e, naturalmente, as crianças começam a vivenciar papeis de médicas, pacientes, mães e pais, enquanto um enredo próprio se desenvolve.
Assim, o “Make Believe”, trabalho bastante sensível e significativo que realizamos na Educação Infantil da be.Living, torna-se uma ferramenta potente de aprendizagem para as crianças, como explica nossa coordenadora pedagógica Camila Maia.
“O Make Believe é um trabalho de jogo simbólico. É o ensino-aprendizagem que acontece através da brincadeira de faz de conta. Na prática, as professoras montam e organizam espaços inspirados em cenários da vida real. Nestes cenários, disponibilizamos objetos que fazem referência ao cotidiano das crianças e a situações que são parte de seu repertório de vivências. Por meio desta brincadeira, as crianças têm a oportunidade de interpretar diferentes papeis sociais. Em um dia serão as médicas e em outro dia, serão as pacientes, mamães ou papais. Com isso, elas vão tomando conhecimento destes papeis e das regras sociais”.
A coordenadora conta que por meio dos jogos simbólicos, a criança também pode reviver situações reais, experienciadas por elas, dentro e fora da escola. “Quando a criança brinca de mamãe e filhinha ou de médico e paciente, por exemplo, ela está reconstruindo e ressignificando relações e vivências, elaborando sentimentos, emoções e dando sentido para suas experiências. Este processo permite que as crianças conheçam mais sobre elas próprias, sobre o outro e sobre o mundo, ampliando a percepção de como as pessoas se portam e se relacionam em diferentes contextos”.
Para cada faixa etária, o trabalho é pensado e realizado de maneira diferente. “As crianças menores, do Yellow Orange, por exemplo, estão em uma fase muito concreta do desenvolvimento. Neste caso, as professoras criam o cenário e as crianças, na maioria das vezes, exploram os materiais de maneira concreta, explorando as propriedades físicas do material. Elas vão investigar se o objeto rola, se empilha, se é duro ou se é mole, se produz som, vão sentir as texturas. Nesta exploração, é fundamental a presença das professoras. Elas fazem a mediação das crianças com a proposta, dando referência, modelo, e repertório, nomeando objetos e possibilidades de ações dentro de um uso também concreto. O telefone será usado como telefone, o caderninho será usado como caderninho. Desta maneira, a criança passa a entrar no cenário e a usar os materiais que estão ali ofertados de acordo com sua função social, ou seja, usando os objetos exatamente para o que eles servem”.
Camila explica que para as crianças um pouco mais velhas, o jogo simbólico vai se desenvolvendo de uma outra forma. “A partir de uma certa idade, as crianças passam a criar enredos muito mais criativos a partir dos materiais ali ofertados. Um caderno pode virar um chapéu, uma caixinha de remédio pode virar uma mesa. As crianças se desprendem da funcionalidade real do material, conseguindo ampliar sua visão simbólica, potencializando a sua imaginação e criatividade”.
Camila ressalta, ainda, que a socialização é um ponto muito trabalhado no Make Believe. “O faz de conta é sempre um convite para que as crianças brinquem juntas com seus pares. Como as interações acontecem em um contexto já estabelecido, as crianças passam a entender o papel que elas ocupam nesta brincadeira, interagindo e se relacionando dentro de um determinado enredo. “Aceitar a opinião do outro, transitar entre diferentes papéis, esperar sua vez para brincar, trocar ideias…Brincando juntas, as crianças vão compondo e criando diferentes narrativas, se desenvolvendo emocional e cognitivamente, e partilhando de momentos significativos dentro de um contexto coletivo”.