Educação financeira vivenciada na prática

Por Gabriela Fernandes, coordenadora do Ensino Fundamental

 

Aqui na be.Living, os protagonistas da Festa Junina são as crianças que, além de ampliarem seus conhecimentos culturais pesquisando, dançando e cantando o nosso país, organizam, decoram e trabalham nas barracas a fim de receberem a nossa comunidade da melhor forma possível. E esse trabalho engloba diversas áreas do conhecimento. 

A Matemática, por exemplo, é trabalhada em seus significados sociais.

Por meio do trabalho das barracas de brincadeiras ou da venda de doces, as crianças do Ensino Fundamental lidam com cédulas e moedas, mas vão muito além: vivenciam o uso do nosso sistema monetário, decidem os preços e quantificam os lucros. Assim, entendem a utilização real e a noção destas quantidades dentro da nossa sociedade.

Cada grupo se responsabiliza por uma ou duas atividades e todo o dinheiro arrecadado é revertido para as próprias crianças, que decidem, em grupo, o que fazer com o lucro obtido.

Realizamos esse projeto há alguns anos e não cansamos de nos surpreender com as diferentes possibilidades que as crianças encontram de utilizar o lucro obtido. O que nos faz acreditar que estamos despertando a consciência das crianças para um processo mais abrangente de educação financeira.

Gastar ou poupar? A experiência e as escolhas do Year 2 

Certa vez, um grupo de crianças de primeiro ano decidiu utilizar o lucro obtido na barraca dos doces para fazer um passeio ao Instituto Biológico. Quando elas perceberam que sobraria uma boa quantia, decidiram poupar esse dinheiro.

Aproveitamos o gancho e conversamos sobre o conceito de poupar com a ajuda de um pai do grupo que é economista. A conversa acabou despertando no grupo o desejo de fazer uma aplicação financeira com o restante do lucro obtido. 

No ano seguinte, o grupo começou a discutir como seria a organização para o evento, já que, dessa vez, seriam responsáveis por uma barraca de brincadeira, a argola.

Aí surgiram duas questões: a preocupação com o lixo gerado pelas prendas da festa e a percepção de que, apesar do horário de trabalho realizado no dia da festa ser o mesmo, o lucro do segundo ano seria menor o brinde, comprado pela escola, seria o mesmo das demais barracas.

O que combinamos nas barracas de brincadeiras é que, do lucro alcançado, as crianças devolvam para a escola o valor das prendas.

Após longas discussões, decidiram que não queriam realizar uma festa que gerasse tanto lixo e que a melhor opção, em relação ao lucro da nossa barraca, seria que todo o dinheiro que fosse arrecadado ficasse para o grupo, sem precisar devolver qualquer quantia para a be.Living. 

Para tanto pensaram em uma solução que resolveria os dois grandes incômodos: propor uma arrecadação de brinquedos e livros em bom estado.

A ideia delas foi que, além de obterem lucro integral, poderiam reutilizar seus brinquedos, gerando uma redução de lixo no processo geral da festa.

O resultado? A barraca deles foi a mais procurada pelos visitantes e o lucro bastante significativo.

A ideia agora é compartilhar a experiência com os outros grupos e tentar convencer as crianças que essa é a melhor opção, tanto financeiramente, quanto para o nosso meio ambiente.

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