A infância é o lugar das descobertas. É onde começamos a desenvolver relações entre sentidos, alimentos, sabores, memórias e sensações de prazer. Vínculos capazes de nos acompanhar até a vida adulta.
E é na escola, um dos primeiros ambientes de socialização das crianças, onde elas entram em contato com o mundo e se abrem ao novo.
Aqui na be.Living, entendemos nosso papel de construir junto à criança, no período em que ela está na escola, uma relação saudável com a comida. Base para uma boa saúde física, mental e afetiva.
Trabalho de formiguinha
“É um equilíbrio entre o saudável e a aceitação alimentar”. É como a nutricionista Cristiane Cedra define o seu trabalho na be.Living, que já completa oito anos.
A nutricionista aposta no diálogo constante com as crianças para criar cardápios equilibrados, coloridos, com alimentos in natura, sem frituras ou embutidos.
A cada quinze dias, os grupos da Educação Infantil participam de degustações. “O que é o que é?”. Descobrem um novo alimento com as mãos, escondido em uma caixa.
Veem a diferença no alimento cru e, depois, no cozido. “É doce ou salgado? Frio ou quente?”.
Já as crianças do Ensino Fundamental se reúnem em encontros mensais de nutrição. Conversam sobre temas específicos, tiram dúvidas e se envolvem em projetos.
“Quando elas fazem parte, elas têm interesse em experimentar”, explica Cristiane.
Tudo é conversado: a escolha de frango e ovo orgânicos, a não oferta de doce no Infantil, a proposta da segunda sem carne, a diminuição no consumo de sucos e industrializados. Conversado e adaptado.
A pizza que tanto adoram, por exemplo, ganha novas versões, feitas na escola, com massa integral.
“Quando a gente vê que as crianças pararam de aceitar, a gente dá um passo para trás. Voltamos novamente com o projeto, para ter essa conscientização, e mudamos somente quando elas estiverem preparadas para aceitar o novo”, conta a nutricionista.
Plantar, colher, entender e comer
Na be.Living, o vínculo entre as crianças e os alimentos começa muito antes da hora da refeição. Elas aprendem na prática sobre ecossistemas, ciclo de vida das plantas e origem das frutas, vegetais e hortaliças.
Neste ano, a horta da Educação Infantil passou a ser cultivada de uma maneira agroecológica.
“É uma maneira sustentável de produzir, sem agrotóxicos, com diversidade de espécies e sem o uso de pesticidas artificiais”, explica Livia Ribeiro, engenheira ambiental à frente da Reconectta, parceiros da escola em projetos de sustentabilidade.
Os grupos colaboraram em todo o processo. Plantaram diversas mudas, como alface, beterraba, cenoura, tomilho, couve e coentro; cuidaram, observaram, colheram e prepararam receitas em aulas de culinária.
A horta gerou tantas curiosidades nas crianças que conduziu investigações e projetos durante o ano inteiro.
“A gente vê que o contato com a natureza e com a maneira que o alimento é produzido transforma essa relação com a comida. As crianças vão se envolvendo com o plantar, com o cuidar, com a colheita, e isso reflete diretamente na maneira de se alimentar”, comenta Livia.
Para além da nutrição do corpo, acreditamos que alimentação saudável é rotina, prazer e afeto. A cada diálogo e descoberta de novos sabores, as crianças vão construindo suas relações com os alimentos e memórias gustativas.
“Pensamos muito nessa relação afetiva, com cuidado e presença, para que a criança lembre da comida da be.Living como algo positivo e prazeroso”, finaliza Cristiane.