Year 5: um convite para amadurecer

O Year 5 é um momento bastante profundo, de muitas transformações para as crianças. É o ano que marca a transição para o Ensino Fundamental II e o fim de todo um ciclo na be.Living. É, também, um período de passagem para a adolescência. Por isso, olhamos para esse momento de uma forma muito especial, entendendo que nesta faixa etária as questões trazidas tendem a envolver um processo de descoberta mais intenso por parte das crianças, tanto em relação a elas próprias, como em relação ao mundo em que estão inseridas. Assim, temos o cuidado de pensar todo o 5º ano a partir destes aspectos de passagem.

Nossa coordenadora do Ensino Fundamental, Gabriela Fernandes, afirma que este é um período muito auspicioso para desenvolver nas crianças a capacidade de alteridade. “A constatação da diferença entre si mesmo e o outro implica necessariamente em uma reflexão sobre a diversidade de perspectivas que as pessoas trazem diante do mundo, aumentando a demanda em relação à valorização dessas diferenças e em relação às responsabilidades que temos com o outro. No Year 5, o currículo se volta para isso: desde a escolha de trabalhar por meio do gênero literário ‘memória’, até o trabalho de Ciências Sociais que olha para o desenvolvimento de direitos civis, e o de Ciências Naturais que lança um olhar para o corpo humano, trazendo as diferenças entre os corpos. O processo do quinto ano é muito marcado pelo amadurecimento das crianças e o nosso objetivo é olhar para esta fase da vida, validando os novos desejos e possibilidades, ao mesmo tempo em que as novas responsabilidades também se apresentam”.

Para além do que é trabalhado por meio dos projetos, uma sequência de atividades é pensada para que as crianças possam vivenciar, no dia a dia, o desenvolvimento da autonomia, da responsabilidade e de escolhas conscientes.

A professora do Year 5, Letícia Araújo, conta que quando o ano começa, os objetivos da turma são esclarecidos e fortalecidos a partir de um contrato didático, quando todos se organizam para se apropriar das ferramentas de postura de estudante e de convívio coletivo dentro do espaço escolar. Assim, eles vão compreendendo que o Year 5 ocupa um papel diferente na escola.

No início de cada ano, são eles os responsáveis por organizar os espaços e receber os mais novos, tornando-se referência para as outras turmas, de modo que se percebam crescidos. “O Year 5 é um ano em que convidamos as crianças para amadurecer. Quando o ano começa, a turma organiza e realiza um tour para o Year 1, colocando a si mesma num lugar diferente, que é o lugar dos mais velhos. Eles passam a ter uma troca com o que diz respeito à gestão escolar, para que possam viver, na prática, este amadurecimento. Neste tour, além de lidar com questões referentes à organização, eles também terão que lidar com questões referentes ao outro, que é o acolhimento das crianças que estão chegando. Conversamos com a turma sobre o que é possível ser feito em cada situação, a quem podem pedir ajuda caso as crianças chorem, por exemplo. Eles vão observando a dinâmica dos pais e dos professores, se colocando um pouco nesse lugar de adulto” – conta Letícia.

A professora diz que um dos primeiros convites que ela faz para a turma amadurecer é para que o currículo seja pensado juntamente com ela. “Peço para que eles façam uma lista do que gostariam de estudar e eu, como professora, assumo o compromisso de que os interesses manifestados por eles sejam contemplados em nosso currículo. Um outro convite que faço, logo no início do ano, é para que eles decidam com quem e aonde irão sentados no ônibus que vai para o acampamento Acamerê. Orientamos que esta seja uma decisão da vontade particular deles e, também, de uma conversa entre todas as crianças, para que todas se sintam felizes com os lugares decididos”.

A coordenadora Gabriela reforça que é muito importante que as crianças aprendam a fazer boas escolhas. “Equivocadamente, achamos que escolher é uma coisa natural, mas não é. As escolhas que queremos que eles aprendam a fazer, são as escolhas conscientes, pautadas em processos de reflexão que valorizam tanto o olhar deles para o mundo e para cada situação, como, também, o olhar do outro e do coletivo. Entendemos que a puberdade, que precede a adolescência, é um momento das nossas vidas em que somos lançados para o mundo. Um adolescente consegue e necessita fazer muitas escolhas. Por isso, entendemos a importância de trabalhar neste sentido, para que as escolhas sejam refletidas a partir do que é diverso em mim e no outro, de quem eu sou e de quem é o outro, de como nos constituímos como sociedade e, a partir daí, as escolhas que faço estão em meu favor mas, também, estão em favor do coletivo”.

Ao longo do ano, os convites para amadurecer vão aumentando, como exemplifica a professora Letícia. “Fazemos um trabalho na organização dos armários, para que eles se apropriem desses espaços e se organizem enquanto grupo. Ao invés de realizarmos um sorteio, pedimos para que eles entrem em um consenso sobre quem ficará com qual armário, administrando as expectativas de todos, a fim de que toda a turma se sinta confortável com a decisão. A partir disso, organizamos essa ocupação. Deixamos claro que o armário é um lugar deles. Combinamos que nem eu e nem ninguém deva abrir o armário sem a autorização deles. São eles quem vão limpar, organizar e sinalizar, caso seja necessário, para que uma organização coletiva seja feita. Esse tipo de combinado faz com que as crianças participem mais ativamente do processo de gestão”.

Letícia lembra que o Year 5 realiza toda a organização da Festa Junina e que o processo da MAC – Mostra de Artes e Ciências da be.Living, solicita das crianças uma postura ainda mais ativa, quando elas se aprofundam, individualmente, na pesquisa de um assunto e apresentam, sozinhas, o seu trabalho para a comunidade escolar. “Realizamos diversas estratégias e etapas ao longo do ano para que elas possam adquirir consciência desse momento de crescimento”.

A coordenadora Gabi diz que é muito importante que as crianças saibam sobre as responsabilidades que vem com o crescer. “Com o crescimento, é inevitável que o lugar que elas ocupam na relação delas com o ambiente, com as regras e com as pessoas mudem. Entendemos que é papel da escola deixar isso bem marcado. Para crescer, é preciso romper com aquilo que já está estabelecido, e isso significa testar alguns limites sociais. E é importante que se diga que os processos são individuais, não são lineares. E que, neste sentido, fazemos todo este trabalho de crescimento, de reflexão, de responsabilidade, acompanhado. Isso é uma grande diferença em relação à etapa futura, do Fundamental II, onde não haverá este acompanhamento mais de perto. Neste momento, as crianças do Year 5, estão crescendo na companhia sempre presente de um adulto, que é especialista neste assunto”.

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