“O que você aprendeu nesta quarentena?”.
Esta pergunta – tão profunda e cheia de significado, foi escolhida, coletivamente, pela turma do Year 4, como tema de um potente trabalho que buscou colocar em prática tudo que a turma estudou, ao longo do ano, sobre o gênero Notícia.
Como se fossem jornalistas, meninos e meninas do 4º. ano saíram a campo para pesquisar com as demais crianças da escola sobre quais foram as maiores aprendizagens que a pandemia, o isolamento social e o processo de educação à distância trouxeram para suas vidas.
O resultado foi surpreendente. Além de atingir toda a aprendizagem pedagógica – referente à linguagem, vocabulário, aos modos de abordagem e de apresentação da notícia, as crianças alcançaram um trabalho com qualidade de significado, promovendo, além da informação, também reflexão.
A professora Idalize Maeda, do Y4, conta que, no segundo trimestre, as crianças fizeram muitas leituras de notícias, em uma etapa do aprendizado que objetivou identificar as características deste tipo de texto, sua estrutura e vocabulário, para que, apropriando-se deste conhecimento, pudessem, numa outra etapa, escrever suas próprias notícias.
“Nós lemos muitas notícias assim: ‘Pesquisa mostra que mortes por coronavírus ocorrem com mais frequência nas periferias’. Ou: ‘Um estudo revelou determinada coisa sobre determinado assunto’. Ou ainda, em muitas notícias, pessoas são entrevistadas como fontes, trazendo falas de especialistas que explicam, por exemplo, como o vírus age no nosso organismo’. A partir destes textos, fomos levantando as características do gênero” – explica a professora.
Ida diz que quando chegou o momento da turma escrever a notícia, eles decidiram, coletivamente, que queriam escrever notícias boas relacionadas à quarentena. “Nesta reflexão, eles trouxeram a percepção de que as notícias ruins já estão muito marcadas nos noticiários e que, de certa forma, todo mundo já tem acesso a esse tipo de conteúdo. Então, surgiu a ideia de escrever uma notícia sobre o que as crianças da escola aprenderam na quarentena. Para isso, fizemos um estudo sobre como as pesquisas são realizadas e aí, partindo da nossa realidade de distanciamento social, de que eles não estão se encontrando presencialmente com as outras turmas, foi elaborado, por eles, um formulário perguntando para todas as crianças do Ensino Fundamental sobre o que elas aprenderam, com quem e como foi essa aprendizagem. Por fim, com o levantamento destes dados, foi iniciado o processo de escrita desta notícia”.
A professora lembra que também foi trabalhada a elaboração de gráficos e de imagens, compreendendo que a ilustração é uma linguagem complementar que auxilia o leitor para um melhor entendimento da notícia.
“Fizemos um trabalho completo. Eles colocaram no gráfico o quanto que as crianças aprenderam sobre tecnologia, sobre assuntos pedagógicos, selecionaram alguns depoimentos… Além de trabalhar a produção de gráfico, tratamento de dados, a pontuação, paragrafação, a responsabilidade sobre trabalhar com fatos reais, a transcrição da fala exata de alguém, usando aspas… enfim, tudo o que pode ser trabalhado pedagogicamente neste gênero, este projeto desenvolveu, também, muita reflexão e empatia. No exercício de escutar a fala das outras crianças, eles viram que muitas aprenderam a ter paciência, por exemplo, que é uma aprendizagem importantíssima que a quarentena trouxe para a nossa vida, que outras aprenderam sobre mecanismos para superar o tédio, ou ainda, que aprenderam a ficar mais tempo com a família – o que não teria acontecido se não fosse a quarentena. Então, eles foram ouvindo e se identificando com esses depoimentos. Eu não imaginei que sairiam discussões tão ricas a partir deste trabalho. Superou nossas expectativas, indo além dos objetivos pedagógicos, alcançando o campo de uma boa reflexão”.