Ubuntu. Um conceito que ecoa humanidade, interdependência e a profunda compreensão de que a existência de cada indivíduo só faz sentido em relação ao outro. Essa filosofia africana, que pode ser traduzida em português como “humanidade para com os outros”, foi o tema central da XI Mostra de Artes e Ciências (MAC) da be.Living em 2024. Com o lema “I Am Because We Are”, a edição deste ano convidou crianças, educadoras, educadores e famílias a explorarem, por meio das artes e das ciências, o significado de viver em comunidade, de compartilhar o conhecimento e de perceber a si mesmos como parte de algo maior.
A MAC, que desde sua criação tem o propósito de formar cidadãos críticos e socialmente atuantes, é mais do que uma exposição de projetos escolares. Ela é um mergulho em processos pedagógicos profundos que buscam conectar os estudantes e as estudantes à essência do aprender e do compartilhar. Para Gabriela Fernandes, coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental de nossa escola, a escolha do tema Ubuntu é um reflexo direto do compromisso da be.Living com uma educação que busca formar pessoas conscientes, com senso de pertencimento e responsabilidade perante o coletivo: “Buscamos ampliar a ideia de que não somos separados da natureza ou do outro. Somos natureza, somos comunidade, e a filosofia Ubuntu representa isso de forma muito potente.”

Ao longo de meses de preparação, a MAC se revelou um espaço de protagonismo para as estudantes e os estudantes, que foram encorajados a levantar perguntas, testar hipóteses e criar soluções. “A MAC não é apenas sobre aprender conteúdos. É sobre vivenciar o processo de ser estudante. Cada criança é inspirada a perseguir suas ideias, entender que o conhecimento só faz sentido quando é compartilhado e contribui para transformar o que incomoda”, destacou Gabriela. Essa jornada é cuidadosamente planejada para desenvolver a autonomia, de acordo com a faixa etária das crianças: no primeiro e segundo anos, os trabalhos são apresentados em grupos. Já no quinto ano, culminam em projetos individuais e autorais.


As artes e as ciências, áreas intrinsecamente ligadas, são o alicerce para essa experiência de aprendizagem. “A arte é fundamental para perceber e representar o mundo, enquanto as ciências – tanto sociais quanto naturais – nos ajudam a compreendê-lo. Juntas, elas revelam a ação humana no mundo e a nossa responsabilidade por ele”, explica Gabriela. Assim, temas como matéria e energia, luz e sombra, ou biodiversidade foram explorados sob a ótica de um pensamento coletivo, com as crianças trocando aprendizados entre si antes mesmo de apresentarem os projetos para as famílias.
O impacto da MAC vai além dos muros da escola. Para Gabriela, esse evento é um espaço de troca de saberes que transforma a todos, inclusive familiares. “Muitos adultos vêm de uma educação mais tradicional e ficam impressionados ao ver as crianças se apropriando do conhecimento de forma tão profunda e autoral. A MAC é um momento em que todas as pessoas aprendem: crianças, educadores e famílias. É a essência do Ubuntu em prática: crescemos com o outro, na relação com o outro.”
Encerrando o ciclo de 2024 com chave de ouro, a XI MAC da be.Living deixou como legado a lembrança de que não somos ilhas. Somos parte de um todo, um tecido coletivo que se fortalece no respeito, na solidariedade e na união. Inspirada pela filosofia Ubuntu, a escola reafirmou seu compromisso com uma educação que vai além do aprender para si, cultivando o aprender para transformar o mundo. Somos porque somos juntos!



