Esse momento que estamos vivendo é um desafio para todos os que estão envolvidos no processo educativo: para as crianças, para a equipe pedagógica, para a equipe administrativa e para as famílias. Mesmo sabendo que o contexto e as condições atuais não são os ideais para o que entendemos do que pode ser a escola e do que a escola pode atender com relação às necessidades das crianças e dos pais – pensando em organização da casa, dos horários e da rotina, fizemos o exercício de olhar com profundidade para o que temos agora e nos organizamos para trabalhar com o que está posto da melhor forma possível, considerando todos os que estão participando desse processo.
Com esse pensamento em mente e seguindo o decreto da Secretaria Municipal de Educação com relação à obrigatoriedade do retorno das crianças ao espaço da escola – que até esse momento fica sendo opcional conforme decisão de cada família, a be.Living está oferecendo duas propostas de educação para 2021: uma proposta somente remota, que visa atender as famílias que ainda se sentem inseguras com relação ao retorno da criança à escola, e a proposta de ensino híbrido, isto é, presencial e remoto, acontecendo tanto em casa como no espaço físico escolar.
Sempre acreditamos que a escola é como uma comunidade, como uma microssociedade cuja engrenagem só funciona quando o envolvimento é de todos. Para uma retomada segura e significativa da criança novamente no espaço da escola, acreditamos que seja necessário que cada um ocupe o seu lugar dentro de uma responsabilidade que é coletiva, assumindo um compromisso firme e sincero de zelar pela segurança das crianças, com acolhimento e empatia.
Entendemos que ser rigoroso com relação aos protocolos de segurança é um ato de amor. Ficamos contentes em constatar, nestes primeiros dias de convívio com nossos estudantes, que o uso das máscaras e a prática da higienização das mãos já estão incorporados no comportamento das crianças. Seguiremos firmes no cumprimento de todas as recomendações do Hospital Israelita Albert Einstein com relação à disposição e à manutenção dos espaços e aos procedimentos de convívio, higiene e organização que favorecem a saúde e o distanciamento social.
Para que tudo caminhe bem no ensino híbrido, é muito importante que haja, também, o comprometimento das famílias em observar e comunicar à escola sobre qualquer sintoma, por menor que seja, que a criança ou outro membro da família apresente. Nesses casos, a criança deverá permanecer em casa por 14 dias ou até que o resultado do exame PCR (caso a família opte por fazê-lo), dê negativo para Covid. Esse cuidado e atenção são fundamentais para que outras crianças da comunidade não sejam colocadas em risco. Da mesma maneira, para crianças ou famílias que, por algum motivo, estiverem em contato com um número maior de pessoas, correndo maior risco de contágio, também lhes é largamente solicitado um período de quarentena, em um ato generoso e empático que visa proteger os demais membros de nossa comunidade.
No caso da criança que apresente Covid e que tenha que ficar afastada da escola, nossa equipe pedagógica já criou um desenho de trabalho que poderá ser possível de realizar para cada turma, mas as professoras estarão olhando, caso a caso, para as necessidades de cada criança afastada, preservando o olhar sempre tão presente em nosso processo de ensino-aprendizagem de acolher cada indivíduo.
Hoje, entendemos que o tempo é de celebrarmos a possibilidade de termos mais frequência e tempo dentro da escola. Nossa coordenadora pedagógica de Ensino Fundamental, Gabriela Fernandes, explica que o ensino híbrido é completamente diferente do ensino remoto. “É um programa de educação surgido nos Estados Unidos que já existe há algum tempo e que vem sendo estudado no Brasil desde 2014. Trata-se de uma forma de trabalho em que a criança tem um tempo de estudo dentro da escola, orientada pelo professor, e um tempo de estudo fora da escola, em casa. Um estudo completa o outro. A grande sacada do ensino híbrido é gerar o protagonismo na criança. O que nós fizemos para este ano, foi trazer o híbrido para dentro da nossa concepção de educação que trabalha com a criança dentro de um todo, dentro do processo escolar”.
Ela conta que a composição do trabalho híbrido semanal da be.Living veio do empenho de chegar o mais perto possível do que é a vida na nossa escola numa circunstância normal. “A aprendizagem vai acontecer de modo presencial em 3, 4 ou 5 dias na semana, dependendo da turma, onde vamos proporcionar para as crianças momentos e aprendizagens que elas estão muito acostumadas a viver dentro da escola, dentro do que a be.Living oferece; A aprendizagem vai acontecer também nas propostas síncronas que elas se acostumaram a fazer em 2020, que são as aulas pelo Zoom, com acompanhamento em tempo real; Vai acontecer com as aulas dos professores especialistas 2 vezes na semana e, por fim, acontecerá com o trabalho autônomo que sempre teve muita força no Ensino Fundamental de nossa escola através das atividades diversificadas. A ideia é devolver a criança para a escola e devolver para a escola o lugar de escola. A gente quer que a criança consiga organizar o planejamento e que ela pegue isso para ela, para que possamos ir tirando os pais desse processo porque no ano passado, ficou tudo muito na mão dos pais. As crianças diziam frases como “A minha mãe não me lembrou”, como se tudo fosse responsabilidade da mãe. A ideia é que as crianças voltem a entender que essa responsabilidade é delas”. Segundo Gabriela, o desenho do ensino híbrido da be.Living busca estabelecer uma rotina que funcione tanto para a situação como a que temos hoje, como para um futuro ensino presencial ou, eventualmente, em uma situação de lockdown.
E por falar em rotina, avaliando o último ano vivido, um ponto que chamou muito a atenção de nós, educadores, e de estudiosos do comportamento infantil foi a ausência de rotina para as crianças na pandemia. Sabemos que seria impossível implementar uma rotina no início do isolamento, com tantas incertezas, angústias e mudanças repentinas, e que a rotina é muito mais fácil de ser construída quando a criança vem para a escola. Nossa ideia é que agora, com o ensino híbrido, possamos somar forças e juntos – escola, crianças e famílias, possamos estabelecer novamente uma rotina que gere segurança e confiança para a criança aprender e se desenvolver.
“A gente vai entendendo que rotina é segurança, tanto para o adulto como para a criança. A escola é um lugar de rotina e horário. É um regulador emocional para a criança. Quando eles entram na escola, eles têm mesa, cadeira, mochila, estojo, agenda. É diferente quando a criança faz a mesma produção sentada na mesa escola, ao lado dos colegas, o corpo dela muda e a produção muda também. Eles vão ter agenda e o ensino remoto vai ser passado para a agenda. A gente vai organizar junto com eles a semana seguinte na semana anterior, para que a criança já saiba o que vai acontecer na vida dela, para que ela consiga, com esse apoio e dos pais, se organizar. Esse é o lugar que a gente está querendo colocar de novo as famílias e as crianças. A gente vai continuar proporcionando para elas um trabalho autônomo. Em casa, é importante deixá-las fazerem, deixá-las não saberem, para que elas voltem para a escola com essa dificuldade e, junto com a professor no dia seguinte, ou depois de um dia, elas lembrem como é elaborar uma pergunta, como é dividir e construir conhecimento” – explica Gabriela.
Como escola, o ensino híbrido amplia nossas possibilidades de trabalho e de intervenção, devolvendo para o professor a consistência do seu trabalho e abrindo para uma maior possibilidade de alcançarmos as expectativas que colocamos nos currículos de 2021 e 2022.
A casa ainda é uma extensão da escola, mas não é a escola. Essa diferenciação é muito importante. Os espaços são distintos e, ao mesmo tempo, estão todos para o conhecimento. Por isso, é importante zelar por eles. Os momentos presenciais são fundamentais e quando a criança estiver fora da escola, é preciso cuidar do tempo e do espaço, com o maior rigor possível, pois eles são nossos grandes aliados nesta etapa de aprendizagem.
Agradecemos o esforço que mães e pais estão fazendo para trazer seus filhos nos dias e horários pré-determinados por nós. Tentamos o nosso melhor para atender a todos, principalmente os que têm filhos em diferentes anos, mas sabemos que para muitas famílias o horário não foi o ideal. Montar esta grade foi como montar um grande quebra-cabeças em que tivemos que considerar não somente as peças mas também a quantidade de peças em jogo e, infelizmente, a combinação de alguns grupos não foi possível devido ao número limite de crianças na escola. Por isso, mais uma vez, agradecemos o empenho e a compreensão de todas as famílias!