Em um mundo em que a tecnologia ocupa cada vez mais espaço no cotidiano das pessoas – inclusive das crianças, é preciso que nós, adultas e adultos, questionemos sobre como podemos utilizar as ferramentas tecnológicas de maneira consciente e equilibrada, e, a partir deste questionamento profundo, orientar nossas crianças.
Na be.Living, tratamos esta questão com toda seriedade e constante reflexão, envolvendo neste processo crianças, educadores, colaboradores e famílias.
Como escola, entendemos que se usada com responsabilidade, a tecnologia pode ser uma aliada no processo de aprendizagem das crianças. Do contrário, pode trazer prejuízos, em diversos aspectos: dificuldades de aprendizagem, atrasos no desenvolvimento, dependência virtual, irritabilidade, problemas oculares e transtornos do sono – como tem alertado a Sociedade Brasileira de Pediatria.
Nossa coordenadora pedagógica de Ensino Fundamental, Gabriela Fernandes, explica que o papel da tecnologia no ambiente escolar é de facilitadora e instrumento de construção de conhecimento, assim como são os livros e as canetas. “É importante compreendermos que a tecnologia não é o conhecimento em si, mas uma etapa que nos ajuda a construir o conhecimento. Assim como qualquer ferramenta, ela precisa ser ensinada e orientada pelas professoras e pelos professores para que seja utilizada de maneira responsável”. Ela ressalta que na be.Living, o uso da tecnologia é guiado e orientado por educadores o tempo todo, especialmente nos primeiros anos do Ensino Fundamental, do 1o. ao 3o. ano, garantindo que as crianças aprendam com segurança.
“Na escola, a tecnologia é integrada em diversos contextos de aprendizagem. Nos anos iniciais, a presença de educadores e educadoras é fundamental para guiar as crianças no uso de ferramentas como aplicativos de sala de aula e e-mails escolares. As crianças trabalham bastante em duplas, para que aprendam a construir soluções colaborativamente, sempre com a responsabilidade que o uso da tecnologia exige. Além de utilizar a tecnologia em áreas específicas, como jogos matemáticos e pesquisas, também a aplicamos no processo de leitura e escrita. Elas começam o planejamento e a primeira versão do texto à mão, e na etapa de revisão usam o computador, o que também as ajuda a desenvolver fluência na digitação, além da habilidade de escrever com lápis e papel”.
Já a partir do quarto e quinto anos, os estudantes começam a ter mais autonomia, usando o Google Drive para armazenar materiais de estudo e realizar suas atividades avaliativas. A transição para um uso mais independente é feita com cautela, sempre acompanhada por um trabalho formativo que inclui tópicos como o Marco Civil da Internet, leis de proteção de dados, e cuidados com segurança online” – afirma Gabi.
Um grande cuidado adotado pela be.Living em relação ao uso da tecnologia no ambiente escolar é evitar o uso excessivo de telas. Gabriela explica que há um controle rigoroso no uso de dispositivos digitais, e que os celulares, por exemplo, são proibidos durante o período escolar, sendo entregues à coordenação se necessário. “No ambiente escolar, as atividades com tecnologia são planejadas e têm um tempo adequado. Além disso, a tecnologia nunca é a única fonte de aprendizado. Ela sempre é um recurso complementar aos outros recursos que estão sendo utilizados”, afirma.
A escola também realiza um trabalho educativo contínuo com as crianças, ensinando-as a usar as ferramentas tecnológicas de forma consciente e crítica. Os estudantes são incentivados a refletir sobre os impactos sociais, ambientais e éticos da tecnologia, desenvolvendo um olhar mais cuidadoso e responsável sobre o mundo digital. “A tecnologia está a serviço do conhecimento e da criatividade, mas é preciso usá-la com responsabilidade. Trabalhamos diariamente com as crianças para que elas compreendam a importância de respeitar os limites e as regras que a acompanham”, destaca Gabriela.
O diálogo com as famílias também é uma parte essencial desse processo. Durante as reuniões coletivas e individuais, nossa escola orienta sobre o uso de telas também em casa, buscando realizar um trabalho em parceria e com acompanhamento.
Gabriela alerta que o problema do uso excessivo de telas não se limita às crianças, mas também afeta os adultos. “Somos a geração que está viciada em telas, e estamos tentando evitar que nossos filhos se tornem viciados. É um desafio enorme, mas fundamental”, comenta. Ela lembra que, ao dar um celular ou tablet para uma criança, os adultos da família estão entregando o mundo para ela, e esse acesso deve ser cuidadosamente monitorado.
Na be.Living, acreditamos que é preciso enfrentar esse desafio com consciência e reflexão, tanto por parte das famílias quanto dos educadores. O objetivo é garantir que as crianças possam aproveitar os benefícios da tecnologia sem comprometer seu desenvolvimento cognitivo, social e emocional. “Esta é uma reflexão profunda sobre o momento histórico em que vivemos. Precisamos nos perguntar: estamos realmente conscientes dos malefícios que o uso excessivo de tecnologia pode causar? E, mais importante, estamos dispostos a dizer ‘não’ quando necessário? Estas são perguntas que nos guiam e que permeiam, a todo momento, as práticas pedagógicas que realizamos com as crianças”.