Novos grupos, novas aprendizagens

A cada ano, em todas as turmas da escola, um novo grupo se constitui. São seres únicos, cada qual com suas potências e necessidades específicas, reunidas em um novo contexto que se apresenta para eles.

Na prática, um grupo se modifica quando há inserção de novos integrantes. É importante perceber que mesmo um grupo que retorna das férias – aparentemente igual, com as mesmas crianças do ano anterior – se depara com uma grande novidade: uma nova professora ou professor conduzindo o trabalho. E os professores são parte do grupo. Neste caso, são os novos integrantes. Dessa forma, é sempre necessário dedicar um tempo para a constituição do novo grupo escolar.

“Na escola, cada grupo tem a função de realizar as tarefas e aprendizagens do seu ano. Sempre que um grupo tem uma nova função, temos que fazer um trabalho de constituição do grupo porque mudaram os objetivos. Por isso, todo início do ano é bastante trabalhado e observado. As professoras precisam receber as crianças, realizar um acordo coletivo que é o ‘contrato didático’, um dos grandes marcos deste período inicial de trabalho, por meio do qual se esclarece quais são os objetivos. Os objetivos de um grupo de segundo ano, por exemplo, é diferente do objetivo de grupo do terceiro ano, quando novas posturas são esperadas e diferentes demandas e objetivos são colocados para as crianças” – explica Gabriela Fernandes, coordenadora do Ensino Fundamental da be.Living.

Gabriela conta que as crianças passam um tempo refletindo sobre o que é ser parte daquele grupo. “Todo começo de ano é um grande trabalho de adaptação e de constituição de grupo. As crianças precisam ter todos os norteadores do que se espera delas naquele novo momento. O trabalho de constituição de grupo visa esclarecer esses objetivos mas, também, inserir as crianças no processo de aprendizagem. Os objetivos não são colocados do professor para a criança, as crianças participam ativamente do processo, desenvolvendo, assim, seu senso de responsabilidade perante o que foi acordado”.

A coordenadora pontua que, no Ensino Fundamental, o primeiro ano realiza este trabalho de forma mais longa e intensa. “No Year 1, recebemos crianças que vieram de outras escolas e crianças que chegaram de dois grupos diferentes da Educação Infantil da be.Living. Essas crianças precisam de mais tempo para se constituir como grupo. Elas estão mudando o ciclo escolar. O ciclo Infantil tem outro tempo. No Fundamental, a exigência é maior com relação ao tempo de atenção dedicado às atividades. Então, começamos a trabalhar esse grupo para que ele se prepare para essa nova fase de aprendizagem, e só fazemos isso porque o corpinho deles já está pronto para isso. Eles ainda brincam bastante, mas há momentos em que eles ficam mais sentados na cadeira, com os próprios materiais. Fazemos um grande trabalho procedimental, ensinando as crianças a fazerem. A criança aprende a fazer alguma coisa fazendo muitas vezes, na companhia de quem faz” – afirma Gabi.

Ela complementa lembrando que as crianças pequenas têm suas preferências e que este é um momento de propor exercícios de reconhecimento para que elas diversifiquem e ampliem seus vínculos e apreços. “As crianças menores querem ficar sempre com os mesmos amigos. Então, não serão somente elas quem vão escolher. Fazemos um trabalho em que a gente propõe com quem elas vão jogar e trabalhar, assim elas podem começar a compreender que nem sempre aquele com quem mais gosto de brincar é com quem trabalho melhor, e ao colocarmos as crianças para trabalharem juntas, elas começam também a brincar juntas. Então, criamos oportunidades para aproximar as crianças. É um grande trabalho de socialização: de ampliar os amigos, de quebrar esses pequenos grupos que já vem postos desde que elas são pequenas, sempre com o objetivo de que elas se expandam, cresçam e vivenciem novas experiências. Lembrando que as crianças são sempre incluídas em todo o processo, sendo chamadas para a autorregulação e para a autopercepção: ‘qual atividade que mais gosto’, ‘com quem gosto mais de brincar’, ‘com quem gosto mais de trabalhar’, ‘com quem eu acho que vou sentado no ônibus para o acampamento Acamerê’”.

Além de proporcionar que as crianças do Year 1 pensem suas companhias, é realizado com elas um trabalho bem profundo sobre sentimentos. “Começamos o ano olhando para os sentimentos para que elas possam identificar o que estão sentindo neste momento de tantas mudanças. Um dos norteadores deste trabalho é um programa da TV Cultura chamado “Que monstro te mordeu”. As crianças assistem aos episódios e começam a refletir sobre como se sentem em meio a este processo em que se percebem crescendo. Também faz parte do trabalho de constituição de grupo, fazer com que as crianças olhem para possíveis frustrações, medos, raivas e alegrias, identificando o que elas sentem para que, a partir disso, possam sair de um lugar, ampliando as suas relações”.

Enquanto isso, na Educação Infantil, os pequeninos do Yellow Orange estão chegando pela primeira vez na escola. O olhar das professoras está totalmente voltado para acolher cada uma destas crianças, para que elas sintam que a escola é um ambiente seguro onde elas podem, devagarzinho, ir conhecendo a si próprias, constituindo vínculos e vivenciando experiências significativas.

“Todos os grupos, em um início de ano, vivem um momento de constituição e de acolhimento. O trabalho dos professores estará muito voltado para as necessidades do grupo e das crianças. Mesmo para os que já estavam na escola no ano anterior, o olhar será acolhedor, de respeito ao momento de retorno à escola, fortalecendo a criança nesse lugar de referência que ela será para os menores que estão chegando, reforçando todo o crescimento que elas tiveram. É um tempo de construir vínculo com a criança, de apresentar a nova rotina, sempre com esse olhar de respeito porque cada criança vai lidar com essas mudanças de uma maneira diferente. O olhar é de acolhimento, mas também de planejamento, com a intenção de fortalecimento da criança” – explica Patricia Dominguez, coordenadora da Educação Infantil.

Patricia explica que compreender o perfil de cada grupo, conhecendo suas especificidades, interesses e necessidades, é fundamental para o trabalho que será desenvolvido ao longo do ano. “Na be.Living, seguimos a BNCC como norteadora do trabalho, então, temos clareza sobre quais são os direitos de aprendizagem das crianças e os objetivos de aprendizagem para cada faixa etária. Mas a maneira como vamos abordar esses objetivos e garantir esses direitos será muito pautada pelas características de cada grupo. Há grupos, por exemplo, que são mais corporais, que precisam de um movimento mais desafiador para aprender a dominar o corpo, para ficar em roda. O que esse grupo está dizendo para o professor é importantíssimo para que o professor se planeje para todo o semestre. É importante que esse conteúdo permeie as crianças de uma forma significativa. Então, o olhar para a individualidade de cada criança também é extremamente importante nesse processo”.

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