Observe atentamente uma criança pequena, vivenciando determinada situação. Perceba que, independentemente da circunstância que ela está vivenciando – seja agradável ou desafiadora, a criança se relaciona com a experiência de forma mais inteira, sem se perder em preocupações com o passado ou com o futuro, apenas vivendo o momento presente em sua totalidade.
No entanto, conforme vamos crescendo, principalmente em um mundo onde há muito barulho, movimentos e estímulos, vamos nos distanciando cada vez mais desse estado de presença que tínhamos naturalmente quando pequenos, e vamos abrindo as portas para ansiedades, preocupações e confusões que, muitas vezes, extrapolam a própria realidade porque são projeções de passado ou futuro.
Por isso, o quanto antes iniciarmos um trabalho de conexão com o momento presente, maiores serão os benefícios. Na be.Living, este trabalho acontece desde que as crianças são pequenininhas, na Educação Infantil, por meio do Mindfulness.
“Mindfulness é, para além das práticas, um estilo de vida. É um convite para desenvolvermos um estado de presença que nos permite viver cada momento com plena atenção nas sensações corporais, nos nossos sentimentos e no ambiente externo, com abertura e gentileza. Por meio de diferentes práticas, dentre elas, a meditação, é possível acalmar a mente, conectar-se de forma mais consciente consigo e com os outros, desenvolver a compaixão e encarar as situações da vida com mais leveza e menos resistência” – explica a professora Milena Macedo, pedagoga e instrutora de Mindfulness da be.Living.
Além de instrutora de Mindfulness, Milena possui bastante experiência como educadora na Educação Infantil. Ela afirma que trabalhar o Mindfulness nessa faixa etária é saber aproveitar o que já é vivenciado no cotidiano escolar – como o brincar e as explorações sensoriais, trazendo a intenção e proporcionando um ambiente preparado para cada prática. “Para que a experiência aconteça de maneira efetiva é importante que haja um planejamento levando em consideração que as vivências com esse foco devem ser breves, leves e divertidas. No caso da atenção à respiração, por exemplo, que é muito utilizada como âncora na meditação, é possível que a criança desenvolva esta percepção aos poucos, quando vamos associando a respiração com algum animal ou elemento, como a respiração da abelhinha, da onda do mar e da borboleta, que podem ser acompanhadas de sons e movimentos corporais”.
A educadora conta que há muitas maneiras de desenvolver a atenção plena das crianças na primeira infância. “Exercícios que exploram os sentidos, como uma caminhada em busca de elementos e cores, degustar um chá ou algum alimento da horta, sentir os diferentes aromas de alguns temperos e ervas, identificar um objeto pelo tato, brincar de fazer posturas de Yoga, perceber os sons ao redor, passar algum objeto em roda, ao som de uma música calma, para que elas percebam formato, textura e temperatura. São todas formas de desenvolver a atenção plena”.
Em relação ao educadores, mesmo aqueles que já tenham tido experiências pessoais na prática de Mindfulness, Milena comenta que, muitas vezes, eles não sabem como trazer esse conhecimento para crianças tão pequenas. Por isso, na be.Living, professoras e professores da Educação Infantil participam de uma formação em Mindfulness com a professora Milena.
“A formação é importante para oferecer repertório e para que se tenha a compreensão de que é possível incorporar, de maneira simples, as práticas de Mindfulness ao currículo dos grupos da Educação Infantil. Também é essencial entender que há um longo processo até que os estudantes possam entrar em contato com a meditação formal. Para além do repertório, é importante que se conscientizem sobre os benefícios efetivos dessa prática, principalmente considerando a realidade em que vivemos hoje nas grandes cidades, onde se tem pouco contato com a natureza, uso excessivo de telas e ritmo de vida muito acelerado. A formação cria oportunidade para que a educadora e o educador tenham essa percepção por meio da experiência. Eles recebem a proposta com bastante abertura e se surpreendem ao notar que é muito mais simples do que imaginavam incorporar estes exercícios na prática pedagógica, saindo da formação inspirados a iniciar o Mindfulness com seus grupos e estimulados, também, para suas práticas pessoais. Quando o Mindfulness faz parte da cultura da escola – tanto para as crianças, quanto para os adultos, os impactos são ainda mais positivos”.