Desde criança, o professor de música da be.Living, Vinicius Medrado, sempre gostou de brincar com sons e palavras. Além de inventar música, ele também criava poemas, canções e histórias. Na fase adulta, o professor, músico e “cantador de histórias”, como ele mesmo fala, continua com a alma curiosa e cheio de inspirações. Está lançando, dentro da programação do nosso Maio Literário, o seu livro “A origem da Peteca”. Nessa história, inspirada em contos e canções tradicionais dos povos indígenas, ele narra as aventuras de dois irmãos que estão em busca de seus “xerimbados”: animais filhotes que se perderam de seu bando ou da família, e que precisam de acolhimento dos humanos. O lançamento do livro, especialmente feito para a be.Living, englobará uma série de atividades que ele realizará com as crianças da nossa escola, que irão de uma leitura especial com música e exposição de imagens, até rodas de reflexão e brincadeiras. Além disso, no dia 31 de maio, às 17 horas, Vini encerrará o Maio Literário com uma live aberta no nosso Instagram, onde fará uma leitura do livro para toda a nossa comunidade. Vamos saber como surgiu a ideia de escrever esse livro? Acompanhe abaixo a entrevista que fizemos com nosso querido professor e escritor.
bL: Como surgiu a ideia de abordar esse tema?
Vinicius: Gosto muito de conhecer os chamados mitos de origem, que são as histórias que nos contam como o mundo, as coisas e os seres do mundo surgiram. As culturas indígenas brasileiras possuem mitos de origem belíssimos! Certa vez, ganhei uma peteca linda, feita de palha e enfeitada com penas azuis… E fiquei pensando como teria surgido esse brinquedo tão especial. Pesquisei bastante para ver se encontrava alguma história sobre a origem da peteca, mas não encontrei. Comecei, então, a imaginar como esse brinquedo poderia ter surgido… E assim, a história foi nascendo.
bL: O livro fala muito sobre o respeito aos animais, à natureza e aos povos indígenas. Qual a importância de trazer esse olhar crítico e sensível para as crianças do mundo de hoje?
Vinicius: Percebo que muitas vezes, nós, seres humanos, acreditamos que esse planeta é só nosso e que podemos fazer o que quisermos com ele e com os seres que aqui habitam. E assim, vamos destruindo florestas, levando animais e plantas à extinção, poluindo rios e mares. A maioria das culturas indígenas nos apresenta outras possibilidades de estarmos neste mesmo mundo. Geralmente, essas culturas têm um respeito muito grande com a natureza e com os animais, considerando-os até como irmãos, tão merecedores desse planeta quanto nós. Acho muito importante que nossas crianças saibam que existem outras maneiras de viver e de nos relacionarmos com a natureza e com os outros seres: animais, vegetais e minerais.
bL: Como foi o processo de criação da história?
Vinicius: Como disse anteriormente, eu pesquisei muito e, como não encontrei uma história sobre a origem da peteca, comecei a imaginar uma. Já faz mais de 10 anos que essa história me acompanha, e um fato interessante é que ela foi amadurecendo com o tempo e com a ajuda das crianças. Ao longo da minha trajetória como arte-educador, levei essa história para diversas crianças e turmas e, como era uma história imaginada, eu sempre abria espaço para as crianças conversarem sobre ela. Essa troca com as crianças foi muito enriquecedora e me auxiliou a fazer essa versão que ficou registrada no livro.
bL: O que você gostaria de comunicar para as famílias e para as crianças com essa leitura?
Vinicius: Gostaria que esse livro fosse um convite! Um convite para imaginarmos outras formas de nos relacionarmos com o mundo. Um convite para conhecermos e respeitarmos mais as culturas que são diferentes das nossas… Um convite para conhecermos a riqueza, a beleza e diversidade das culturas indígenas brasileiras e, finalmente, um convite para brincarmos de peteca!
bL: Você é tão bom jogador de peteca quanto escritor?
Vinicius: Não sou muito bom na peteca não! (risos). Mas eu percebo que quando fazemos uma roda de peteca com crianças ou adultos, todos se divertem muito porque é um brinquedo muito engraçado! Você bate para um lado, ele vai para o outro, às vezes cai na nossa cabeça! Cada peteca voa de um jeito diferente! Eu acho muito divertido! Brincar é sempre muito gostoso. Tenho percebido que as pessoas estão brincando cada vez menos. Sabe? Brincar com o corpo todo, se movimentar, correr, pular, dançar, todo tipo de brincadeira. Deveríamos brincar mais!
bL: Você fará brincadeiras e oficinas sobre o livro com as crianças na escola. Pode dar um spoiler?
Vinicius: Sim! Durante todo o mês de maio, visitarei as turmas da be.Living para mostrar o livro e contar a história de uma maneira bem especial, com músicas e elementos visuais. Teremos também um momento de conversa sobre o livro e sobre cultura brasileira com as crianças e, para finalizar, faremos diversas brincadeiras inspiradas nas culturas indígenas! Já iniciei esses encontros na Educação Infantil apresentando um pouco das culturas indígenas por meio de músicas, instrumentos, histórias e imagens, e, em breve, irei levar essas atividades também para o Ensino Fundamental. Estou bem animado para matar a saudade dos meus ex-alunos que estão em Moema!