Desde o primeiro dia de escola, quando ainda nem havia crianças, ele já estava lá… Elias, nosso querido guardião, iniciava, há 20 anos atrás, seu trabalho de zelar pela abertura da escola, pela entrada das crianças, pela comunicação com os pais, pela vigília, pela saída das crianças, pelo fechamento da escola e por incontáveis ajudas realizadas com capricho e carinho ao longo de todos esses anos.
“Eu comecei em 2001 na Vila Mariana. Eram poucas pessoas que trabalhavam lá. A Patrícia dava aula ainda. Eu ficava na porta, torcendo para chegar gente para fazer matrícula. Quando começou a chegar gente, foi uma alegria!” – relembra Elias.
Ele conta que, para ele, nunca teve tempo ruim. “Se precisa comprar alguma coisa eu vou, quebrou um ventilador ou uma torneira, eu conserto, faço jardinagem, sou eu que cuido das bananeiras, nós que plantamos as árvores que hoje estão na calçada da escola. Foi tudo a gente que fez. Eu e a Patty estamos aqui desde o começo”.
Elias é daquele tipo de pessoa que quando a gente encontra, deixa nosso dia melhor. Por isso é tão especial ter a presença dele na porta de entrada da nossa escola. Seu alto astral e energia contagia as crianças, todos que trabalham na escola e também as famílias, que têm muito carinho por ele e confiança em seu trabalho.
“Eu sou muito dado, me comunico fácil com as pessoas. Hoje, por causa do Covid não pode mais, mas eu dou toquinho de mão, as crianças agarram a minha perna… Agora que temos que usar máscara, tem uns pais que falam pra mim: ‘Pôxa Elias, que pena que agora não dá mais pra gente ver seu sorriso’… Eu tenho muita liberdade com pai e com mãe, eles brincam comigo, meu dia a dia é assim. Me sinto abençoado. No dia que você me ver triste, é porque alguma coisa séria aconteceu. Sou animado”.
Elias conta que gosta de ajudar. “Eu manobro os carros para as mães quando elas precisam… Teve um dia que deu uma chuva forte e tinha 3 mães ilhadas no Mc Donald’s, e uma das mães ligou para a Analívia perguntando se teria como eu buscar elas lá. E eu fui. Para mim, esse dia foi uma verdadeira alegria”.
Ele conta que seu trabalho é de muita responsabilidade. “Eu tenho que conhecer muito bem as famílias e os responsáveis. Conheço mãe, pai, babá, avó, tia, cachorro, tenho que ter muita atenção na porta, saber quem chega, quem não chega, porque um erro ali, não pode acontecer, é muita responsabilidade. Se não conheço quem vem pegar a criança, ligo primeiro na secretaria para confirmar e a criança só sai com autorização da família. Graças a Deus, até hoje, nunca tive problemas, só tenho a agradecer”.
Ele conta que a melhor coisa deste trabalho para ele é abrir a escola, passar o dia e fechar a escola, sabendo que foi mais um dia em que se passou tudo bem. “Minha felicidade é saber que, mais uma vez, deu tudo certo. Eu abro e fecho a escola todo dia. Saber que todas as crianças chegaram e saíram direitinho, que durante o dia não tivemos nenhum perigo na rua, fechar a escola, ver se tem torneira pingando, apagar as luzes, fechar todas as portas, ver se não tem mais ninguém na escola e voltar para a casa com a alegria de mais um dia cumprido”.
Também foi difícil para ele passar pela pandemia e ficar tanto tempo afastado. “Fiquei muito triste no isolamento, não foi fácil ficar 6 meses em casa. Senti muita falta do meu trabalho e das crianças. Mas graças a Deus, estamos bem, estamos com saúde, voltando para a escola, e no ano que vem começa de novo as correrias boas. É assim a vida”.
Elias ficou muito contente com o retorno das aulas presenciais parciais e por ter reencontrado os pequenos, que voltaram cheios de carinho para a escola. “Eles chegaram com uma saudade, eu abria a porta e eles gritavam ‘Elias, Eias!’, foi só alegria. A minha felicidade foi de vê-los e a deles de ficar de novo perto de mim. E os pais falavam ‘Nossa Elias, você é querido mesmo’ ”.
Elias tem certeza que está no lugar certo, que a be.Living é um de seus lugares no mundo e que seu trabalho tem a ver com sua alma de criança. “Estou com 50 anos e é como se eu fosse uma criança aqui dentro também. Para a gente trabalhar tem que ser assim: tem que ter o coração aberto, aquele sorriso, brincar muito com outro, dar atenção e se precisar de alguma coisa, estarei aqui para ajudar. E assim, um dia passa, vou embora para casa e no outro dia volto para cá de novo. É por isso que estou na escola há tantos anos”.
Nosso guardião pede para que fique registrado seu agradecimento à direção e às famílias. “Quero agradecer a Analívia e a Patty pela liberdade que elas me dão de trabalhar com alegria, de poder conversar, brincar, de me sentir feliz. E agradecer aos pais, que gostam de mim e que confiam seus filhos aos meus cuidados. Para mim, isso é felicidade. O que mais a gente precisa nessa vida, né?”.
Nós que agradecemos a presença de Elias em nossas vidas. Muito obrigada por esses 20 anos de parceria e que venham muitos outros anos mais!