Assembleias: um jeito prático de aprender a ser e a estar no mundo

A assembleia é uma grande reunião. Um encontro que se faz junto para cuidar daquilo que é comum a todos. É o maior instrumento que a escola possui para a construção de um ambiente efetivamente coletivo.

Na be.Living, as assembleias são parte muito importante dentro do processo de aprendizagem do Ensino Fundamental. Através delas, as crianças participam ativamente da tomada de decisões relacionadas aos procedimentos e aos espaços da escola. Argumentos são desenvolvidos para debater diferentes temas, e projetos e soluções são pensados e apresentados para que, juntos, se possa chegar ao que é melhor para todos.

Entendemos que a escola é o mundo e que esse mundo não é um mundo ideal, mas, sim, um mundo perpassado pelo mundo real, com tudo o que o externo traz. Sendo assim, voltar a estar integralmente na escola nesse momento pandêmico, nos pediu para olhar com atenção para as questões sanitárias, não como uma forma de nos distanciarmos socialmente mas, ao contrário, como uma forma de nos reaproximarmos, de construirmos um relacionamento seguro para todos, com o objetivo maior de podermos permanecer juntos, convivendo e aprendendo nesse espaço.

Por isso, logo na primeira segunda-feira de agosto, assim que as crianças retornaram das férias, a escola inteira parou para fazer uma assembleia, como conta Gabriela Fernandes, coordenadora do Ensino Fundamental da be.Living.

 “Quando pensamos nesse retorno para a escola presencial, com todas as crianças aqui ao mesmo tempo e no mesmo horário – que era algo que as crianças não viviam desde março de 2020, tivemos que pensar em boas estratégias para voltar a fazer da escola um lugar seguro, um lugar de acolhimento, de pertencimento, ou seja, o lugar das crianças! A escola é um lugar que tem o estudo e o conhecimento em seu cerne, mas conhecimento não se reduz a conhecimento conceitual. Há um conhecimento que acontece no campo prático, que é o conhecimento de como ser e estar no mundo, de entender o mundo”.

Gabi explica que as assembleias desenvolvem a aprendizagem de um olhar cuidadoso para o coletivo e que, nesse momento, a grande aprendizagem é a de nos cuidarmos e cuidarmos uns dos outros. “Através dessa prática, as crianças entendem que as ações individuais geram reações no outro e que aqui dentro desse mundo, mais do que indivíduos, somos sujeitos: estamos sujeitos às ações dos outros, assim como os outros estão sujeitos às nossas ações”.

Ela conta que no primeiro encontro – realizado de forma híbrida, com cada turma participando através dos computadores de suas salas, foram apresentados os novos protocolos com relação ao uso dos banheiros, ao horário de brincar, de se alimentar, com relação ao trânsito e as paradas para limpeza. “A partir dessa primeira assembleia, passamos a fazer, todas as sextas-feiras de agosto, assembleias de avaliação e manutenção dos protocolos e de procedimentos coletivos visando a forma mais segura de a gente estar junto. As assembleias são bilíngues para que as crianças possam se expressar na língua que se sentem mais à vontade. As crianças estão se colocando bastante, avaliando tudo o que precisa mudar, o que não precisa, o que está dando certo e o que não está, o que tem garantido a manutenção de um espaço coletivo bastante seguro e bastante corresponsável”, afirma a coordenadora.

Outro ponto que tem sido muito positivo das assembleias é que, mesmo hibridamente, as crianças têm tido a oportunidade de interagir com todas as outras crianças da escola, de diferentes turmas e idades, independente de seus clusters.  “Faz falta o pequeno olhar para o grande, ver como o grande se movimenta, como fala, criar referência do grande como um modelo. Da mesma forma, o olhar do pequeno faz falta para o grande, aquele olhar de admiração e de encantamento que favorece muito a autoestima e a potência das crianças maiores. Então, essas assembleias estão servindo para retomar essa troca também. Os grandes têm se colocado muito bem e os menores também. A gente tem percebido, por exemplo, como o banheiro dos menores de certa forma está mais organizado do que dos maiores, o que está gerando ótimas discussões e reflexões. Essas assembleias estão servindo, principalmente, para que a escola volte a ser o lugar deles, um lugar de crescimento, de autonomia, de segurança, de troca e de acolhimento”.

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