Aprendendo a viver com arte

O modo como a linha atravessa o pano do bordado… A maneira com que o corpo é convidado a movimentar-se ao pintar uma tela… O sentimento que habita cada combinação de cores… A magia de – traço a traço, fazer surgir um desenho num papel em branco… O maravilhamento, a poesia, a criatividade.

Tudo, no processo de fazer arte, pode ampliar e aprofundar nossa experiência como ser humano, seja no modo como nos relacionamos com o mundo e com os outros, ou no modo como nos relacionamos com nossas próprias ideias, emoções e história.

Por isso, a Arte é um eixo muito importante dentro da nossa proposta educativa, desde a Educação Infantil e, seguindo com a mesma importância, até o Ensino Fundamental.

O fato de vivermos em uma sociedade que, ainda, atribui valor maior ao pensamento lógico e científico, faz com que a experiência artística no âmbito de muitas escolas diminua, progressivamente, ao ponto de, no Ensino Médio, tornar-se facultativa ou até abolida, reduzindo, assim, as possibilidades do jovem acessar o mundo.

 “Na be.Living, a escola apresenta-se como um espaço privilegiado para o processo de formação das crianças através dos mais diferentes caminhos, olhares e diálogos. E a arte ocupa um lugar de importância nesta construção integral e complexa do indivíduo, possibilitando que a criança tenha mais oportunidades e saberes para se apropriar crítica e construtivamente do mundo que a rodeia” – afirma Claudia Mariuzzo, nossa Assessora de Artes. 

Ela explica que, tanto no Infantil como no Fundamental, a arte é trabalhada como uma linguagem através da qual o “explorar”, o “experimentar” e o “apreciar” são aprofundados de acordo com cada faixa etária. A aprendizagem tem enfoque no fazer, na expressão livre e na importância de um processo significativo. No Fundamental, especificamente, há o desenvolvimento da compreensão técnica de cada material, sempre favorecendo a expressividade única de cada criança.

A professora Priscila Menegasso, responsável por compartilhar os saberes das Artes com meninos e meninas do Fundamental, explica que o procedimento técnico é introduzido de modo a tornar a criança autônoma no seu processo investigativo e pessoal, com o cuidado de não criar leis absolutas sobre as técnicas e de não cercear os caminhos de liberdade da sua criatividade.  Ao mesmo tempo, seu trabalho é apresentar as leis naturais de cada material para que, a partir disto, a criança se sinta mais apropriada para utilizá-lo, para negociar seu uso ou, até mesmo, para subvertê-lo. “De uma forma ampla, estamos preparando a criança para a vida e, nas artes, não é diferente”, diz a professora. “Apresentamos as possibilidades de uma forma aberta e dialógica. Algumas serão mais restritas e, se quisermos chegar em determinado resultado, teremos que lidar com a materialidade nas regras que ela nos apresenta. Se pensarmos mais amplamente, essa é uma situação que pode acontecer na vida de uma pessoa”, complementa.

Há, ainda, uma preocupação em concatenar as ideias que estão sendo trabalhadas no Art Studio com as temáticas que estão sendo desenvolvidas pelas demais áreas do conhecimento. “É importante que a criança compreenda que em nosso espaço de Arte estamos desenvolvendo uma outra maneira de nos relacionarmos com as mesmas coisas. Isso vai atuar de uma forma muito somatória pois a criança entenderá, mesmo que inconscientemente, que pode acessar o mundo de diversas formas”.

Priscila ressalta, ainda, a importância do brincar neste processo de aprendizagem: “O corpo da criança é extremamente brincante. Podemos aprender com ela a tornar o processo de fazer arte uma expressão do prazer, e promover o desenvolvimento cognitivo, corporal e sensório-motor de uma forma próxima à da brincadeira”.

Por fim, a professora nos lembra sobre a dimensão da arte e como ela pode provocar, profundamente, o ser humano. “Essa capacidade de se comover com o mundo, de pensar num significado poético para algo, podendo este ser acolhedor, provocador, contemplativo, questionador… E essa coisa que acontece quando a gente vê um espaço preenchido com determinada matéria e se sente arrebatado… Acontece alguma coisa na nossa existência, que nos torna muito sensíveis”.

Fotos arquivo: trabalhos realizados pelos alunos da be.Living para a MAC 2019

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