Apreciação de arte: uma janela para o mundo!

A escola é uma janela para o mundo. É um lugar de florescimento e expansão de saberes, experiências e convivências. Aqui, as crianças entram em contato diariamente com novas vivências, sensações e com repertórios diferentes daqueles que elas já conhecem, que já são presentes em seu universo familiar. Essas novas descobertas e aprendizagens se dão das mais plurais formas, por meio de diferentes situações, linguagens e áreas do conhecimento. Neste sentido, entendemos que a Arte é uma grande aliada e, desde que as crianças são pequenas, na Educação Infantil, desenvolvemos com elas um trabalho bastante importante de apreciação de Arte.

“A Arte começa pelo olhar. Olhar para as imagens, sejam elas reais ou não, nos proporciona sentir, perceber, distinguir e imaginar. A apreciação de Arte é uma ação que necessita de um olhar atento para a imagem selecionada, possibilitando uma interação com os elementos da linguagem visual: as cores, as linhas, as formas, o espaço, o volume, as texturas, e abrindo um campo reflexivo e discursivo acerca do impacto que a imagem causa em cada um” – explica Claudia Mariuzzo, assessora de Arte da be.Living.

Claudinha diz que estes aspectos do conhecimento – estéticos, artísticos e reflexivos, podem ser possibilitados para as crianças pequenas tanto a partir do seu cotidiano como através das obras de Arte. “Através de diferentes caminhos, olhares e diálogos, a Arte proporciona experiências significativas e cria oportunidades para que a criança se aproprie crítica e construtivamente do universo que a rodeia. Quanto mais lemos imagens, mais adquirimos conhecimento social, cultural e estético. O trabalho que desenvolvemos na Educação Infantil é uma alfabetização do olhar” – diz Claudinha.

Nossa coordenadora pedagógica, Camila Maia, conta que as professoras do Infantil realizam rodas de apreciação de Arte com as crianças. “As educadoras sentam em roda com as crianças, e vão oferecendo para elas as imagens que selecionaram. No caso das crianças menores, vejo que é um contato realmente muito subjetivo, mais relacionado ao sentir do que ao significado de uma ideia. Neste momento da vida, elas se conectam muito fortemente com a estética da obra, com um conceito próprio do que as agrada ou não as agrada naquele repertório de imagens e figuras totalmente diferentes do que elas conhecem.  As professoras mostram as cores, as formas, falam sobre emoções, sensações e sentimentos, buscando ampliar, expandir a experiência que se pode ter com a obra”.

Após as rodas de apreciação, as educadoras costumam pendurar as imagens em uma parede especial chamada Art Corner. Neste espaço de apreciação, é iniciada a provocação do olhar para imagens, com a intenção de criar oportunidades para que a criança se encante, analise, questione, crie hipóteses, sinta e tenha noções de estética. Camila conta que é muito comum testemunhar, em momentos da rotina, as crianças recorrendo a estas imagens espontaneamente. “No caso das crianças mais velhas, que já começam a nomear, mencionando falas mais concretas, vemos que elas param ali e tecem comentários, apontando suas observações”. Também há momentos da rotina em que as crianças se lembram, de outras maneiras, da experiência que tiveram por meio da apreciação de arte. “Elas começam a falar sobre arte, a estabelecer relações. Me lembro, por exemplo, de quando trabalhamos com Kandinsky e, alguns dias depois da apreciação, uma criança pegou um brinquedo que tinha círculos para encaixar no pino e falou: ‘Olha, é igual a obra do Kandinsky!’, fazendo referência à obra ‘Vários Círculos’, do pintor russo. Então, as crianças vão estabelecendo relações a partir do que elas olham nestas imagens. E essas relações, essas conexões, são muito importantes para as futuras reflexões que elas farão na vida escolar”.

Em complemento à fala de Camila, Claudia afirma que o momento de apreciar é fundamental para a construção do pensamento coordenado que, posteriormente combinado ao gesto, abrirá caminhos para a invenção, a imaginação, a criação e a expressão. “As crianças são sinestésicas, todos os seus sentidos estão despertos, em todos os momentos. Elas são curiosas, estão em constante “estado de ateliê’, que é o diálogo do corpo com as materialidades, em que tanto materiais, espaços e pessoas são, simultaneamente, os sujeitos da experiência. Assim como os artistas, as crianças trazem questões de suas vidas em seus trabalhos de arte. Percebo que quando conhecem as obras e os artistas, elas se sentem pertencentes e validam mais suas produções, se sentindo capazes de também representar suas ideias, sem que tenham que fazer algo ‘bonito’ ou ‘igual à realidade’ para agradar. Muitas vezes, elas desenham e pintam contando histórias, misturando super-herói com pai, com pessoas que gostam ou não, criando com a liberdade de poder pintar da cor que querem mesmo não parecendo com a realidade. Suas criações, desde as mais simples às mais elaboradas, representam um universo que é só delas, de seus sentimentos e pensamentos, representam a sua vida interior e afetiva”.

A coordenadora Camila enfatiza, ainda, que através do trabalho de apreciação de arte, as professoras apresentam para as crianças a diversidade que existe em nosso mundo. “Quando realizamos a apreciação, as crianças não apreciam somente as imagens, mas entram em contato com diferentes artistas, homens e mulheres, de diferentes raças e etnias. Elas passam a saber quem é aquela pessoa, sabem o nome dela, a origem e, dentro do que podem compreender, a proposta estética e conceitual daquela arte. Assim, a apreciação é uma aplicação de repertório de mundo, de conhecimento de mundo. Nesse sentido, acontece um trabalho muito forte dentro do que, como escola, propomos sobre diversidade, sustentabilidade e educação étnico-racial. A Arte é uma potente ferramenta para furarmos as pequenas bolhas de onde viemos”.

Nossa assessora de Artes, Claudinha, complementa dizendo que a Arte é um poderoso instrumento de provocação, que convida ao estranhamento e à experienciar o habitual a partir de uma nova perspectiva. “Ao apresentar várias linguagens artísticas, abrimos um caminho importante para incitar debates e dar visibilidade ao não dito e ao não visto. Por isso, momentos criados com essa intenção, bem como a organização do espaço como sendo um estímulo visual, os cantinhos para elas explorarem, o uso de imagens de referências artísticas e os próprios desenhos das crianças são alimentos estéticos que estimulam um olhar mais atento para a própria vida e para o mundo”.

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