A alimentação na primeira infância: desafios e conquistas

A alimentação nos primeiros anos de vida vai muito além de nutrir o corpo e de conquistar a energia necessária para a criança brincar e se desenvolver bem. É nesse período que ela descobre sabores, texturas e cores, estabelecendo um vínculo com o alimento que pode durar por toda a vida. Por isso, aqui na be.Living, a alimentação faz parte do processo pedagógico, ajudando as crianças a construírem esta relação da maneira mais consciente, saudável e prazerosa possível.

Desde os primeiros contatos com a comida, a criança explora os alimentos com todos os sentidos: ela toca, cheira, experimenta e, às vezes, até rejeita alguns alimentos. É um momento em que as famílias testemunham conquistas e, também, muitos desafios. Todo este processo é natural, segundo a nutricionista de nossa escola, Adriana Ferreira Leite. Recentemente, ela realizou um encontro especial com as famílias do grupo Blue, da Educação Infantil, com o objetivo de orientar e esclarecer dúvidas relacionadas à alimentação na primeira infância.

Adriana afirma que com paciência, respeito e uma atmosfera positiva, a alimentação na infância pode se tornar uma experiência prazerosa, um “prato cheio” para descobertas.

“As crianças são naturalmente curiosas e gostam de explorar tudo ao seu redor – e isso inclui a comida. No começo, é muito natural que elas mexam na comida, façam bagunça e até estranhem alguns alimentos. É importante compreendermos que a seletividade alimentar também faz parte do processo. Algumas crianças demoram mais para aceitar certos sabores ou texturas, e tudo bem. O importante é continuar oferecendo, mas sem pressão, de um jeito leve e positivo”.

A nutricionista alerta que forçar ou negociar comida pode gerar uma relação negativa com a alimentação. “Frases como ‘se comer tudo, ganha sobremesa’ acabam tirando o foco do prazer de comer e reforçando a ideia de que um alimento vale mais que o outro.” O ideal, segundo ela, é criar um ambiente tranquilo para as refeições e respeitar o tempo da criança. 

Algumas estratégias, de acordo com Adriana, fazem toda a diferença: oferecer os alimentos de diferentes formas, como um mesmo legume servido assado, cozido, ralado ou em purê; envolver a criança no processo, deixando que ela ajude na cozinha ou escolha um ingrediente no mercado; e, principalmente, comer junto com ela. “A criança aprende pelo exemplo. Se a família come com prazer, ela vai querer experimentar também!”.

A escola, por sua vez, complementa esse trabalho. Na be.Living, o momento da refeição é tratado como um aprendizado. “Aqui, estimulamos a curiosidade alimentar, promovemos o contato com diferentes ingredientes e respeitamos o ritmo de cada criança, buscando um equilíbrio entre alimentação saudável e aceitação alimentar, promovendo o diálogo constante com as crianças”. 

A rejeição a determinados alimentos é comum e faz parte do desenvolvimento infantil. “Isso não significa que a criança nunca vai gostar. Muitas vezes, elas precisam de tempo e de várias exposições ao mesmo alimento para aceitá-lo.” Para facilitar, a nutricionista sugere algumas estratégias. “Pode ser que um dia a criança não goste do tomate em rodelas, mas adore quando ele está picadinho na salada; Dar o exemplo, mostrando que os adultos da casa também comem e gostam daquele alimento; Misturar este alimento com ingredientes conhecidos para tornar a experiência mais familiar; E transformar a refeição em algo divertido, com pratos coloridos e formatos diferentes”.

Outro ponto importante é evitar frases como “ela não gosta disso” e, em vez disso, reforçar que “ainda não é seu alimento favorito, mas vamos experimentar outro dia”. A nutricionista também sugere contar experiências pessoais. “Falar sobre alimentos que você também não gostava quando era criança e passou a gostar pode ser um ótimo estímulo. O paladar muda com o tempo, e elas adoram associar o crescimento delas ao aumento da variedade de alimentos. Eu sempre digo: ‘Um bebê só toma leite, mas um adulto gosta de comer quase tudo!’”.

Em relação ao quanto a criança deve comer, a especialista orienta que a família observe a saciedade da criança, ao invés de focar em quantidades exatas. “Mais do que a quantidade, o mais importante é garantir qualidade e variedade. Cada criança tem um apetite diferente e suas próprias necessidades – em um dia pode comer mais, no outro menos, e isso é completamente normal.”

Segundo nossa nutricionista, o ideal é oferecer uma refeição equilibrada, que contenha os diferentes grupos alimentares:

  • Uma fonte de carboidrato (arroz, batata, mandioca, pão integral).
  • Uma proteína (ovos, carnes, peixes ou leguminosas como feijão, lentilha e grão-de-bico).
  • Verduras e legumes, de preferência coloridos e variados ao longo da semana.
  • Uma fruta, no lanche ou na sobremesa, para complementar a refeição.

Se a criança demonstrar que já está satisfeita, não é necessário insistir para que ela coma tudo. “O organismo sabe regular a fome e a saciedade. Se um dia a criança come menos, no outro pode compensar naturalmente” – explica Adriana.

Dicas da nossa nutricionista:

  • Estabeleça uma rotina alimentar: Café da manhã, almoço, lanche e jantar em horários regulares ajudam a criar bons hábitos.
  • Evite distrações durante as refeições: Sem TV, celular ou brinquedos para que a criança preste atenção na comida.
  • Incentive a autonomia: Deixe a criança servir-se ou comer sozinha desde cedo, mesmo que faça bagunça no início.
  • Crie um ambiente acolhedor: As refeições devem ser momentos agradáveis, sem cobranças ou comparações.
  • Respeite o apetite da criança: Se um dia ela come menos, não significa que haverá um déficit nutricional. O importante é o equilíbrio ao longo dos dias.
  • Dê o exemplo: A alimentação da família influencia diretamente nos hábitos da criança.
  • Ofereça um cardápio mais restrito: Ter muitas opções pode dificultar a escolha. Servir o essencial ajuda a garantir uma refeição equilibrada.
  • Evite substituir a refeição por lanches ou leite: Se a criança não comeu bem no almoço, aguarde até a próxima refeição ou até que ela sinta fome e ofereça a comida novamente.
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