Um jardim sensorial para viver e aprender

Lavanda, manjericão, capuchinha, peixinho, hortelã… Apenas ao ler estas palavras, já ativamos nossas memórias sensoriais, aguçando nossa visão, olfato, tato, paladar… e nossa própria vontade de sentir e viver o mundo!

Pois estas são as plantinhas presentes no novo jardim sensorial da Educação Infantil da be.Living. Cheio de cores, belezas, perfumes e sabores, o jardim chegou este ano, por meio de um projeto desenvolvido pela turma do Yellow Orange.

Formado por crianças de 1 a 3 anos de idade, o grupo vive uma fase em que as explorações sensoriais estão muito latentes. É um momento em que as crianças experimentam, descobrem e compreendem o mundo através dos seus sentidos.

A professora da turma, Tatiana Hirayama, conta que o projeto do jardim sensorial nasceu a partir da percepção e da curiosidade das crianças em relação à natureza presente na escola: as folhas que caem das árvores, as flores que colorem algumas plantas, as frutas provadas diretamente do pé, a observação das aves e dos insetos.

“Nós, professoras, estamos sempre atentas às falas e às ações das crianças, e refletindo, também, sobre quando e como devemos intervir, tendo em vista possíveis aprendizagens. Observamos que logo nos primeiros dias, ao vivenciarmos situações diversas de interação com a natureza, elas mesmas vinham até nós para compartilhar suas descobertas, apontando, por exemplo, joaninhas, cabendo a nós destacarmos informações como suas cores, tamanhos e características, ou convidando-as para tocá-las. Outras vezes, nós chamamos a atenção delas para algo, como para as bananas que cresciam lá no alto das bananeiras. O que se destacou nesse grupo foi a recepção das crianças para estes momentos, sempre muito abertas, interessadas e participativas”.

A professora diz que a partir destas trocas tão significativas, o projeto foi se formando de maneira natural. “Com tudo isso sendo apresentado, fez todo o sentido que elas protagonizassem um trabalho com um jardim sensorial, participando ativamente de cada etapa, desde o preparo da terra ao plantio, rega e demais cuidados, como a cobertura do solo com folhas secas. Embora já, há muitos anos, tenhamos uma horta escolar – onde muitas espécies foram plantadas e seguem sendo cultivadas por todos os grupos da escola, sentimos a importância de trazer – especificamente, uma horta sensorial para o Yellow Orange. A partir da curiosidade do grupo pelo assunto e da fase exploratória, as crianças estão recebendo como resposta conhecimentos diversos relacionados a este assunto, além da oportunidade de vivenciar uma aprendizagem ativa, colocando as mãos na terra”.

Tatiana explica que nessa faixa etária, a comunicação majoritária das crianças ainda não é oral, o que não quer dizer que elas não pensam ou não reflitam sobre suas vivências. “Nos anos iniciais, tudo acontece por meio do corpo das crianças. A leitura que fazem do mundo, das pessoas e de tudo o que as cerca, se dá por meio dos sentidos. Elas podem experimentar e testar o mesmo objeto utilizando um ou mais sentidos. Assim, quanto maior a exploração sensorial, mais essas ferramentas vão se elaborando e se desenvolvendo. Então, falar sobre algo para as crianças desta faixa etária, agrega algum conhecimento, mas quando oportunizamos que elas descubram e investiguem por meio do corpo, permitimos que elas façam maiores conexões neurais, fortalecendo suas aprendizagens pelas emoções que afloram no fazer”.

A professora afirma que por meio deste projeto as crianças estão desenvolvendo suas habilidades motoras e cognitivas. “Pensando em desenvolvimento corporal, estamos, a todo o momento, desafiando o grupo ao colocá-lo em um papel ativo dentro do projeto. Quando as crianças estão arando a terra ou regando a horta, elas estão trabalhando o tônus muscular das mãos, a coordenação motora no esforço de controlarem seus dedos para a realização das tarefas, o exercício da aplicação da força, que ora deve ser mais leve, ora mais forte. No âmbito cognitivo, ⁠elas estão entrando em contato com uma série de informações, como, por exemplo, as partes da planta. Destacamos cada seção – raiz, caule, folha, flor e fruto – e estamos trazendo suas funções para a planta, e, também, como nós, humanos, as utilizamos”.

Tati conta que, ao trabalhar na horta, as crianças exercitam o pensamento lógico-matemático. “O crescimento das plantas segue uma linha do tempo, uma ordem cronológica. Portanto, as crianças percebem que as coisas não acontecem instantaneamente, mas que elas levam um tempo e uma série de cuidados”. Ela explica que além da lógica, as crianças estão desenvolvendo, também, a linguagem. “Apesar da predominante fase sensorial, o estímulo verbal está sempre acontecendo. Além das discussões nas rodas de conversa, trazemos músicas e histórias sobre o tema, exercitando a repetição -que estimula a memorização – e a ampliação do vocabulário de forma lúdica e significativa”.

Por fim, a professora afirma que este é o tipo de trabalho em que as crianças estão desenvolvendo, fortemente, suas ⁠habilidades interpessoais. “Ao perceberem-se capazes e responsáveis por suas conquistas, as crianças nutrem sua autoestima e autoconfiança. E aqui, estamos falando de muitas conquistas: do plantio e da manutenção de uma horta, da prática de culinária com as plantinhas, da formação de um mini ecossistema entre fauna e flora, além das pequenas conquistas do dia a dia. Estar na escola já é um exercício social. Nós convivemos juntos, cada um com suas individualidades. Ao longo do projeto, elas têm a oportunidade de olhar com mais atenção para os pares, de esperar a vez do outro enquanto o outro rega, de respeitar, de auxiliar quem está com dificuldade… Além disso, aos poucos, elas começam a perceber que a horta é resultado de um trabalho em conjunto, pois cada um fez sua parte, desenvolvendo, assim, seu senso de pertencimento e de coletividade”.

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