Ritos de passagem: A importância de consagrar os diferentes momentos da vida da criança na escola

A vida e a história do ser humano é marcada por ritos de passagem. Desde o início dos tempos, todos os povos, os diversos tipos de organização humana e as grandes construções de cultura e cidadania realizam rituais de passagem para comungar, celebrar, para se fazer presente em momentos significativos, para constituir e resguardar memória. A escola, como guardiã do conhecimento e dos aspectos culturais que dizem respeito ao vínculo e ao afeto, é mantenedora da prática de ritos cotidianos e de ritos de passagem, favorecendo experiências marcantes, confrontando opiniões, preparando a criança para um fluxo contínuo de crescimento.

“Hoje, na nossa sociedade, essa vivência foi muito sucateada. Vivemos um tempo em que as pessoas sentem dificuldade de viver o momento presente: você está jantando, mas também está no celular. A gente está, mas não está… Eu entendo que quando a escola, por ser um lugar de produção do conhecimento, se propõe a ‘ritualizar’, a ‘fechar’ ou ‘concluir’ um aprendizado ou uma etapa, ela favorece que as pessoas que estão ali vivam aquele momento com consciência, que consigam ressignificar o que é estar presente, estar junto, consagrando aproximações e rompimentos, celebrando o curso da vida. É para isso que serve o ritual” – explica Gabriela Fernandes, coordenadora do Ensino Fundamental da be.Living.

Os ritos de passagem dentro da escola marcam e consagram mudanças significativas no papel da criança dentro da nossa sociedade. Como por exemplo, os ritos de passagem que realizamos com o Blue, que consagram a saída da primeira infância. “Será que crescer significa não brincar mais na quadra? Significa só fazer lição? Será que lá, eles comem snacks? Naturalmente, começam a surgir questionamentos muito legítimos e curiosos por parte das crianças do Blue, por isso, fazemos o ritual de visitas ao prédio do Ensino Fundamental. São momentos em que eles podem conversar com as crianças do Year 1 que já passaram por esse processo, e podem conhecer o novo espaço, sentir e brincar neste espaço que é diferente e muito maior. Tem a questão do corpo também…Eles saem do Infantil sendo os maiores e os mais velhos, e vão para o Fundamental sendo os menores e os mais novos, os que ainda não conhecem aquele lugar. Por isso, é importante que os corpos deles comecem a ocupar aquele novo espaço. Outro rito de passagem bem significativo é o ‘acantonamento’, evento em que as crianças jantam na escola, escolhem o cardápio e as brincadeiras, e dormem na escola. Este ano, por conta da pandemia, as crianças não dormiram, mas jantaram, sozinhos, sem os pais, e estiveram à noite na escola. Dormir na escola é um marco super importante de despedida e marca uma percepção de eles já estarem grandes e autônomos, podendo, inclusive dormir fora de casa, junto com os amigos e com as professoras” – conta Camila Maia,  coordenadora da Educação Infantil.

Enquanto isso, no Fundamental, acontecem os ritos de passagem do Year 5, ano em que as crianças estão finalizando o ciclo do Ensino Fundamental I para adentrar o ciclo do Fundamental II, e estão começando a deixar a infância para entrar na adolescência. “Estes ritos promovem o reconhecimento desse crescimento, da conclusão de uma etapa do desenvolvimento muito significativa. A escola tem essa função de celebrar momentos, de construir a narrativa da história de cada criança. Os ritos servem para organizar memórias. Falando agora como mãe, é muito emocionante você viver um ritual do Blue, ver um Year Book, recapitular meu filho bebezinho entrando na escola, com 1 ano e 4 meses, e saindo um menino com quase 6 anos, poder perceber tanta coisa que ele aprendeu, tanta mudança na vida dele. Às vezes, fica difícil para a família sozinha conseguir celebrar o processo de vida diário deles, e a escola é parceira da família nesse sentido” – afirma Gabi.

Na be.Living, todo o 5º ano é pensado sobre esse aspecto da passagem. As crianças do Y5 iniciam o ano trabalhando o gênero literário ‘memória’, através do qual são convidadas a refletir sobre produção de memória e, também, a resgatar a própria memória delas. “Nesse ano, a turma ocupa um papel diferente na escola, pensando e trabalhando memória, recebendo os menores, sendo os organizadores da escola, se tornando referência para as outras crianças para que eles consigam se ver, também, crescidos aos olhos dos pequenos. Todo o currículo está voltado para isso. Eles vão estudar o corpo humano para eles se perceberem crescidos, o trabalho de artes sempre vai pensar nesse memorial, na história deles na escola. A grande produção final , em inglês, é um documentário sobre a vida deles na escola, eles vão conversar com adolescentes que já saíram da escola, que já viveram essa mudança para ritualizar, também, esse processo de partida e entrada num novo ambiente. Tem a cerimônia de encerramento que é totalmente produzida por eles, onde eles decidem como vai ser, o que vai ter para comer, se vai ter foto, filme, que música vai tocar, enfim, eles são convidados a planejar tudo. Além da MAC, Mostra de Artes e Ciências, que é um trabalho de conclusão de curso individual em que eles realizam uma pesquisa e se apresentam sozinhos para o público. Então, são diversas estratégias e etapas que eles vão vivendo ao longo do ano, buscando resgatar tudo o que eles já viveram para que eles possam adquirir consciência desse processo de crescimento e compor um novo espaço de aprendizagem como sujeitos autônomos e conscientes”.

Nesse 2022, a be.Living deseja um ótimo começo de ano escolar para todas as crianças que estão iniciando uma nova etapa de aprendizagem. Que seja de muitas descobertas, aventuras, de ritos e momentos significativos para a construção do ser de cada um deles!

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