Tudo começou no início do ano passado, quando o Red 1 realizou um trabalho de cuidado e revitalização da horta da escola. Com a ajuda das professoras Juliana Sá e Milena Macedo, as crianças planejaram a reorganização do espaço da horta, fizeram cerquinhas, cuidaram da terra e do plantio das mudas, e colocaram placas identificando as plantas que ali estavam sendo cultivadas. Após muita dedicação e carinho, a horta ficou linda e pronta para servir a toda a escola. Mas o trabalho do Red 1 não se encerrou por aí. Ao contrário, estava apenas começando. A vivência da horta foi tão encantadora e marcante para as crianças, que, naturalmente, elas começaram a se intitular ‘guardiãs da floresta’. A partir disso, as professoras desdobraram o trabalho em diversas possibilidades de pesquisa e vivências para a turma.
Ao longo do ano, foi uma verdadeira jornada de aprendizagem sobre a natureza e os povos que nela habitam. Para compreender mais profundamente sobre o que é ser um guardião ou uma guardiã da floresta, a turma visitou o Parque Alfredo Volpi, onde as crianças puderam investigar algumas espécies de árvores da Mata Atlântica e conhecer maneiras de preservá-la.
“Logo após essa saída pedagógica, tivemos um feriado – período em que algumas famílias costumam viajar para a praia ou para o interior, enquanto outras permanecem em São Paulo. Para enriquecer a investigação sobre o tema, as crianças levaram uma pesquisa para registrar possíveis contatos com algum trecho de floresta ou com algo que remetesse à floresta. As crianças que foram para a praia ou para o campo, trouxeram registros de uma maior quantidade de árvores. Já as crianças que ficaram em São Paulo, trouxeram registros de árvores em menor quantidade. A partir desta pesquisa, foi possível que elas percebessem que nas cidades há menos árvores. Então, as professoras abriram uma reflexão sobre o porquê de haver menos natureza nas grandes cidades. As crianças puderam, então, compreender a relação que há entre o crescimento da cidade e as construções, e o desmatamento das florestas” – explica Camila Maia, coordenadora pedagógica da Educação Infantil da be.Living.
Camila conta que as professoras trouxeram para as crianças a cultura dos povos originários como referência de pessoas que vivem na natureza e que sabem como interagir e usufruir da Terra de forma respeitosa e sustentável. “Foi muito importante para as crianças entrarem em contato com esta referência. Elas despertaram uma preocupação sincera com o desmatamento, sem entrar em processo de ansiedade, mas compreendendo a importância da natureza e refletindo sobre ações que possam garantir que as florestas sejam preservadas”.
Foi então que as professoras Juliana e Milena trouxeram a ideia de plantar mudas de árvores nativas da Mata Atlântica com a intenção de compensar a falta de árvores que as crianças identificaram na cidade. “O plantio destas mudas tem o intuito de ajudar no reflorestamento, de cuidar da cidade e de trazer a natureza mais para perto de nós. Numa conversa com a Livia Ribeiro, da Reconectta, nossa consultora para assuntos de sustentabilidade, descobrimos que ao plantar 50 mudas de árvores, conseguiríamos compensar os gases emitidos pelo consumo de energia elétrica nas duas unidades da be.Living ao longo dos últimos 12 meses”.
A coordenadora conta que a escola comprou 50 mudas de quatro espécies de árvores nativas: ipê branco, ipê roxo, jatobá e jacarandá. “As próprias crianças escolheram qual espécie iriam plantar. As mudas vieram bem pequenininhas. Cada criança plantou sua muda em um vaso maior e levou para casa com o objetivo de cuidar dela durante 30 dias. Depois deste período, elas trouxeram as plantinhas de volta para a escola, que agora estão aqui com as outras mudas para que, no ano que vem, sejam plantadas em locais apropriados.
O trabalho foi tão significativo, que as professoras Juliana e Milena foram premiadas com o Prêmio de Projetos para a Sustentabilidade do Congresso e Premiação, do movimento Escolas pelo Clima.
“Sabemos que só foi possível realizar este trabalho, com a profundidade com que ele aconteceu, devido à potência das professoras e das crianças. Este grupo de crianças foi muito potente e houve engajamento por parte de todos os envolvidos. As crianças estavam atentas ao entorno delas. As famílias nos comunicavam o quanto elas falavam em casa sobre cuidar da natureza. A sustentabilidade é um dos pilares de nossa proposta educacional e é muito gratificante testemunhar as crianças ampliando a visão que elas têm do mundo e do papel que eles podem exercer dentro da sociedade” – conclui nossa coordenadora.
O projeto foi tão potente que está reverberando até os dias de hoje e para além dos muros de nossa escola! Nas últimas semanas, representantes de escolas signatárias do movimento Escolas pelo Clima vieram aqui na be.Living para retirar algumas mudas e realizarem o plantio delas em suas escolas. A ideia surgiu em uma conversa que as crianças do Blue tiveram com a professora Ju, em que elas decidiram escrever uma carta para as crianças das outras escolas, convidando-as para vir buscar as mudinhas e compartilhando com elas a experiência de serem guardiãs da floresta. Como é bonito testemunhar aprendizagens significativas se desdobrando em ações significativas para o mundo!