Compartilhar a leitura com os outros é aprender a construir algo novo junto!

“- Eu gostei deste livro porque ele é engraçado e tem muito mistério e emoção”.
“- Eu gostei do livro porque ele ensina uma lição que é pra gente nunca desistir dos nossos sonhos”.
“- Eu aprendi que por onde a gente passar, a gente pode gostar e aprender algo que vai carregar para o resto da vida”.
“Eu gostei porque trouxe ação para essa quarentena, porque está todo mundo trancado dentro de casa!” |
(Risos de todas as crianças).

Assim – cheia de ideias, num prazeroso e rico momento para trocar sentimentos e percepções – foi a live que o Year 4 realizou para falar sobre a leitura de “A extraordinária jornada de Edward Tulane”, da escritora Kate Dicamillo.

Trazido pela professora Idalize Maeda, o livro conta a história de Edward, um coelho que pertencia a uma garota e era muito amado e feliz até o dia em que se perde e é obrigado a passar pelas mais diferentes mãos e situações que, embora desafiadoras, lhes trazem profundos aprendizados.

A professora Ida – que é apaixonada por literatura e vem, ao longo dos anos, se aprofundando no estudo do tema, acredita que a leitura é fundamental para o desenvolvimento da autonomia do indivíduo que vive em sociedade. “A literatura tem a capacidade de expandir a consciência. Quem não lê está condicionado a executar as ideias de quem lê, então, é uma prática que está muito relacionada à autonomia. Uma pessoa pode ler diferentes autores e diferentes textos e trazer a sabedoria destes textos para a sua vida. O bom leitor é aquele que sabe usar o texto em favor de seu desenvolvimento”.

No período de aulas não presencial, a professora selecionou três livros para a turma do Year 4, sendo que, até o momento, dois deles já foram concluídos. Ela explica que a escolha dos livros deu-se a partir de critérios que considera muito importantes. “São livros que, de alguma forma, dialogam com a situação atual e que permitem diferentes interpretações. Ao meu ver, um bom livro é aquele que possibilita diferentes percepções e que dialoga com diversos temas”.

“A extraordinária jornada de Edward Tulane”, por exemplo, traz a história de um personagem que vivia uma vida confortável até que um acontece um episódio que, de repente, vira a vida dele de ponta cabeça. Não por acaso, algumas crianças relacionaram a experiência de Edward – que diante de uma situação-limite teve toda a vida transformada, com a experiência que elas próprias estão tendo na quarentena. “Este coelho, por mais que tenha vivenciado situações muito difíceis, sabia que tudo iria passar. Ele não perdeu as esperanças. O livro não fala exatamente sobre isto, mas você percebe que a interpretação que as crianças estão fazendo é muito relacionada ao momento atual. É também um momento em que estamos solitários, sentindo falta das relações humanas, de ser afetado pelo outro. Este livro fala sobre as relações humanas, sobre o quanto o outro modifica a nossa vida e, consequentemente, como nós modificamos o outro. Uma literatura que fala do “afetar e ser afetado” é muito atual. As crianças gostaram bastante e disseram que aprenderam muito com este personagem”.

A professora ressalta a importância de compartilhar as percepções da leitura com o outro. “Sempre que finalizamos uma leitura, cada criança conta para os outros qual foi a sua interpretação.  É uma pratica constante no trabalho porque acredito muito no papel da literatura relacionado com o papel da escuta. Quando eu leio um livro e tenho uma interpretação, e converso com uma pessoa sobre esse livro, vejo que a pessoa tem uma outra interpretação. E nessa relação de troca, nós construímos algo novo, que seria impossível de construir se eu tivesse lido e guardado a minha interpretação só para mim. Falar sobre os livros é voltar a lê-los, e falar sobre o livro com outras pessoas é criar algo novo”.

Ida complementa dizendo que discutir e contar diferentes interpretações é importante, também, para criar com as crianças a disposição para aceitar e apreciar a palavra dos outros. “Mesmo que a interpretação do meu colega não seja a mesma que a minha, é possível estar aberto para a escuta. Favorecer a habilidade de escutar e de construir significado com os outros é um papel fundamental da escuta que a leitura possibilita e eu acho que nos dias atuais nós estamos precisando muito escutar, aprender a escutar o outro. E é por isso que fazemos sempre essa conversa ao final de uma leitura, para que cada um conte o que achou e, assim, possamos construir algo juntos”.

Além de “A extraordinária jornada de Edward Tulane”, as crianças do Year 4 realizaram recentemente a leitura do livro “De quanta terra precisa o homem”, de Liev Tolstoi. “É a história de um homem muito ganancioso, que queria muita terra e que acaba se envolvendo numa grande confusão em razão desta ganância. O livro sugere uma moral de que não precisamos de muito para viver. Apesar de antigo, é bastante atual pois neste momento da história, a humanidade está parando para repensar sobre o que realmente é necessário, sobre o acúmulo de bens e riquezas e o quanto este acúmulo interfere e modifica a natureza”, conta Ida.

O próximo livro da lista será “Luna Clara e Apolo Onze”, da autora Adriana Falcão. Mas encerraremos nossa matéria por aqui, sem dar spoiler sobre a história! Afinal, nada mais gostoso do que abrir um livro completamente novo e se deixar levar pelo mistério e pela curiosidade de poder saber mais e mais a cada página!

Boa leitura!

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