Aprendendo com a tecnologia

Com a pandemia e o isolamento social, um novo processo de aprendizagem é inaugurado e experimentado. Nele, a tecnologia surge como uma grande aliada. Afinal, é ela que está permitindo que a escola chegue até a casa de cada criança.

Estamos aprendendo a olhar para a cultura digital de uma nova maneira, rompendo preconceitos, ultrapassando limites, ressignificando-a e podendo testemunhar sua potência quando utilizada de forma criteriosa, afetiva, ética e significativa em prol da vida pessoal e coletiva – inclusive no âmbito escolar.

Para a coordenadora do Ensino Fundamental da be.Living, Gabriela Fernandes, a circunstância da pandemia fez com que todos – escola, equipe, crianças e o próprio currículo, dessem uma passo além e mais profundo com relação ao universo das tecnologias, um movimento intenso que talvez não seria feito espontaneamente. “Já tínhamos isso dentro da gente, mas com o isolamento houve um salto de conquista muito grande, da gente olhar mais profundamente para estas ferramentas de aprendizagem. Com a educação a distância, fizemos muitas mudanças de conteúdo com relação aos nossos objetivos iniciais, acrescentando muitos objetivos pautados por esta aprendizagem da tecnologia e destes distintos meios de comunicação, tão presentes na própria BNCC (Base Nacional Comum Curricular)”.

Lives, e-mails, sites, vídeos, podcasts e tantas ferramentas passam a ser meios fundamentais para que a criança possa trocar, “sentir-se perto”, se comunicar, acessar e produzir conhecimentos, solucionar problemas e exercer o protagonismo – com criatividade, imaginação e interatividade. “Estamos testemunhando, com encantamento, muitas conquistas das crianças em relação à sua autonomia, ao procedimento de conseguir realizar as propostas ali, só com a ajuda da família e em alguns momentos sozinhos, vislumbrando em si outras capacidades e potências” – compartilha Gabi.

Para a professora Dedé Ladeira, do Year 1, os ganhos de aprendizagem que as crianças estão tendo, neste momento, com relação à tecnologia, jamais aconteceriam dentro de um contexto “normal” de ensino presencial. “A gente sempre faz tudo bem devagar com eles, deixando eles vivenciarem a experiência com tempo. De repente, foi tudo no susto: as crianças tiveram que lidar com a tecnologia. É muita informação no teclado, na tela. Mas as crianças não têm medo de apertar os botões, elas ousam e vão aprendendo. O ganho tecnológico é o que eu consigo ver com mais força dentro de toda essa etapa de aprendizagem a distância. Se a gente estivesse no presencial, as crianças não estariam tão imersas na tecnologia como elas estão agora”.

Dedé acredita que a família tem um papel muito importante neste processo. “É uma oportunidade para que os pais possam aprender a depositar confiança na criança, para que ela possa se arriscar em sua aprendizagem. Havendo possibilidade de ousar, há maior possibilidade de crescer”.

A professora Lize Marchini, do Year 2, conta que neste processo de “aprender de longe”, por meio de ferramentas tecnológicas, foi importante, também, fazer alguns combinados com as crianças, estabelecendo algumas diretrizes de comportamento para as lives, que favorecessem foco, atenção e o próprio ambiente de aprendizagem a distância. “Pensamos em algumas regras para o Zoom, como não trocar o fundo da tela, não se distrair com brinquedos durante as transmissões. Essa situação imposta pela própria vida, de ter que aprender a distância por meio destas ferramentas digitais, está amadurecendo as crianças em muitos aspectos”. Ela completa dizendo que, nesta circunstância, meninos e meninas estão tendo, como nunca, que se organizar, administrar o tempo e as tarefas, desenvolvendo autonomia. “A gente instrui mas, em última instância, a organização é deles. Aconteceu um boost nesta necessidade e eles estão respondendo muito bem. Conseguem participar, se engajar e pensar em formas de contribuir no dia a dia”.

A professora Letícia Araujo, do Year 5, conta que, antes da pandemia, já trabalhava com ferramentas digitais que pudessem potencializar as crianças como estudantes e desenvolver suas autonomias, mas no ensino presencial havia um outro tempo de aprendizagem. “Tem coisa que demoraria o ano inteiro para fazer, para conquistar, e eles estão fazendo agora, organizando as suas próprias rotinas e o espaço de trabalho dentro de casa”.

Ela explica que a educação a distância depende muito das crianças para acontecer, no que diz respeito à organização. “Elas têm que ver e-mail, ver como entra na sala. Nós levamos a ferramenta para elas, mas elas estão trazendo muito para nós também. Por exemplo: usamos muito o Google Docs, apresentação para fazer formato de rotina, mas queríamos fazer uma organização mais divertida, então trouxemos o Trello. Usamos muito o Loom também, que grava a tela do computador, mostra as crianças entrando no e-mail,  é uma ferramenta fácil para tirar dúvidas de acesso. Vamos vendo-as se organizando desses jeitos. E elas também nos vêem. Quando percebem que não sabemos mexer tão bem, vão aprendendo e ajudando a gente”.

Neste momento, o Year 5 está produzindo um telejornal. Letícia conta que iniciaram o processo com uma determinada ferramenta mas depois de um tempo optaram por trocar porque não estava dando certo. “É muito legal ver essa troca de experiências acontecer. Instigamos as crianças a fazer isso: entrar numa postura mais ativa, trazer ferramentas, experimentar, explicar para todos – porque precisamos trazer a marca do coletivo. Mas para isso acontecer de uma forma significativa, precisa ter um sentido para a criança. E aqui, buscamos o tempo todo trazer esse sentido para a aprendizagem”. 

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